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MELHORES IRMÃOS POR RAFAEL MICHALICHEM

Comédia agridoce canadense ganha um tempero brasileiro com a Cia. Líquida de Teatro

Você está em uma aula de inglês. Além de aprimorar o conhecimento de uma língua estrangeira pode encontrar amigos, colegas e dessas aulas pode surgir muita coisa: uma banda, uma startup, um clube do livro… ou… uma peça teatral com montagem inédita no Brasil. Podemos dizer que foi assim que começou a tomar forma a peça “Melhores Irmãos”, da Cia. Líquida. O espetáculo estreou no último final de semana e tem mais duas sessões nos dias 22 e 23, no Cineteatro Nininha Rocha.

O Uberground conversou com o ator Samuel Giacomelli, intérprete de Caio, que ainda estava maravilhado com a repercussão do final de semana de estreia:

Getúlio Góis (Amilton) e Samuel Giacomelli (Caio) em “Melhores Irmãos” (Foto: Rafael Michalichem)

Superou nossas expectativas tanto com a lotação do espaço nos dois dias, como com a qualidade da recepção dessa plateia. Muita gente veio conversar com a gente depois da apresentação, fazer fotos, algo inédito na nossa trajetória.

No palco ele contracena com o colega Getúlio Góis (Amilton), com quem também faz aulas de inglês. “Foi procurando textos na língua inglesa que nos deparamos com ‘The Best Brothers’ e ficamos encantados com o texto do Daniel Maclvor, gostamos tanto que a partir da tradução trabalhamos com uma ótima equipe na montagem que, quem sabe, um dia apresentaremos até mesmo no Canadá, país do autor”.

O livro é de 2012 e conta a história de dois irmãos – que na peça são Amilton e Caio. Eles têm personalidades muito diferentes. Em um determinado momento da vida eles precisam lidar com a perda da mãe, Margaret Best – na peça Magá, e ainda cuidar do cachorro Enzo, que tem um temperamento bem agitado. Ao reviver memórias, eles vão retomando o laço afetivo. Giacomelli explica:

Comentaram que em alguns momentos tinham vontade de chorar… e a gente os fazia rir… e o contrário também. Acho que quando trabalhamos temas sensíveis como este, a perda de uma pessoa tão especial como a mãe a intensidade dos sentimentos é sempre forte.

A Cia. Líquida trata o texto como uma comédia agridoce e essa é a primeira montagem brasileira do texto que tem tradução de Marco Antonio Sousa. O tradutor teve o desafio de apresentar com uma linguagem que pudesse se comunicar com um novo público, mantendo o humor e o sarcasmo da versão do autor e ao mesmo tempo estabelecendo conexões linguísticas e culturais que ambientassem a realidade retratada ao contexto do público brasileiro. 

Marco Antonio afirma que  a tradução de uma peça não é o simples transporte de um conteúdo para uma nova língua, mas a criação de um novo texto que preserva os vínculos com o texto original ao mesmo tempo dialoga com uma nova realidade. Por exemplo, originalmente a trama se passa no Canadá, na peça, em São Paulo. Esportes como patinação artística e curling, tradicionais na terra do autor, foram substituídos por balé e tênis de mesa. E os zumbis de Halloween dão lugar aos lobisomens de Carnaval. 

A direção é de Rafael Michalichem que destaca as peculiaridades da família Best que ao mesmo tempo representa a diversidade singular que existe em muitas famílias. “Um irmão mais certinho, outro mais desorganizado, um cãozinho travesso e uma mãe que viveu experiências excêntricas. Esses personagens celebram as diferenças que existem em cada grupo familiar. Quem tem mãe, irmão ou cachorro vai gostar”, aposta o diretor.

A versão brasileira de “Melhores Irmãos” traz ainda uma canção original, composta pelo músico André Salomão especialmente para o espetáculo. “Me fez mãe” foi inspirada na história de Magá e seus filhos e tem participação de Viviane Rodrigues. A peça foi contemplada no Programa Municipal de Incentivo à Cultura (PMIC) e tem apoio da Escola de Educação Básica da Universidade Federal de Uberlândia (Eseba/ UFU), Estúdio Mundo da Lua e da organização SOS Pet Uberlândia.

Giacomelli avisa que na sessão do dia 23 o espetáculo contará com uma intérprete de libras, tornando assim o espetáculo acessível para mais pessoas.

CIA. LÍQUIDA DE TEATRO

A Cia. Líquida de Teatro iniciou sua trajetória no cenário teatral de Uberlândia em 2015 com a estreia do primeiro espetáculo, “Liquidados”. Em 2016, o grupo renovou-se estética e tematicamente com o espetáculo “O Homem que Mastigava Planetas”. Ambos pesquisam, na prática, a criação dramatúrgica diretamente ligada ao processo de encenação. “Melhores Irmãos” é a terceira produção da companhia. 

FICHA TÉCNICA “MELHORES IRMÃOS”

ATORES: Getúlio Góis e Samuel Giacomelli | DRAMATURGIA: Daniel MacIvor | TRADUÇÃO: Marco Antonio Sousa | DIREÇÃO, SONOPLASTIA, DESIGN GRÁFICO, FOTOGRAFIA, VÍDEOS E PROJEÇÃO: Rafael Michalichem | DIREÇÃO DE PRODUÇÃO E PRODUÇÃO EXECUTIVA: Rose Martins | PREPARAÇÃO CORPORAL: Jhonatan Rios | CENOGRAFIA: Juscelino Machado | FIGURINO: Renata Lima | ILUMINAÇÃO: Camila Tiago | OPERAÇÃO DE LUZ: Camila Tiago e Tamara dos Anjos |  CANÇÃO ORIGINAL: Me fez mãe – André Salomão (part. Viviane Rodrigues) | ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO: Folksonomias (Carlos Gabriel Ferreira e Gabriel Rodrigues) |  ILUSTRAÇÕES: Beth Shimaru 

SERVIÇO

O QUE: Espetáculo teatral “Melhores Irmãos”, de Daniel Maclvor
QUEM: Cia. Líquida de Teatro
QUANDO:  22 e 23 de abril (dia 23 com intérprete de Libras)
HORÁRIO: 19H
LOCAL: Cineteatro Nininha Rocha ( Centro Municipal de Cultura –  Praça Prof. Jacy de Assis, S/N, Centro)
INGRESSOS: R$ 24 (inteira) e R$ 12 (meia-entrada)
ONDE COMPRAR:  Sympla (com taxa de conveniência) ou na bilheteria do local (sem taxa de conveniência) – sujeito a lotação
DURAÇÃO: 100min
CLASSIFICAÇÃO: 12 anos
MAIS INFORMAÇÕES: @cialiquida

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