Uma vida dedicada ao Rock and Roll, conheça os trabalhos de Igor Rodrigues
Para algumas pessoas, todo dia é dia de rock. Nesse 13 de julho, Dia Mundial do Rock, celebrado no Brasil, o Uberground conversa com uma dessas pessoas. Igor Rodrigues é roqueiro, sim, mas não se resume a isso. Artista, músico, publicitário, tatuador, professor, pesquisador, escritor.
Autor de “Arte & Heavy Metal” (2020), viabilizado pelo Programa Municipal de Incentivo à Cultura (PMIC), ele escreve que a princípio o underground e a vida acadêmica pareciam não combinar. Mas teve um momento em que começaram a convergir.
“Hoje olho para trás e vejo que esse encontro começou a acontecer quando entrei na universidade. Porém naquela época eu ainda não estava atento a isso. De maneira direta ou indireta, coisas do universo do heavy metal se viam presentes nos meus trabalhos da faculdade. Desde uma máscara de gesso com uma pintura semelhante à guitarra do Paul Gilbert (Mr. Big) quanto uma proposta de material didático que propunha leitura das capas dos discos do Iron Maiden”, contou.
Na época, Igor achava que era somente coincidência, que uma coisa não tinha relação com a outra e que estava apenas fazendo trabalhos aleatórios. “Hoje percebo que esses trabalhos são frutos daquilo que sou e daquilo que vivo. E que a cena underground em que vivi, mais intensamente durante aqueles anos, me formaram tanto quanto a universidade”.
Igor é Mestre em Artes pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), onde também cursou graduação em Artes Visuais.
E foi na UFU que suas pesquisas começaram a direcioná-lo para publicações como o primeiro livro, em edição bilingue, Português-Inglês. Igor conta que existem outros pesquisadores brasileiros morando fora do país estudando o heavy metal academicamente e por lá os estudos estão bem avançados no que diz respeito a seminários, encontros, grupos de estudos e até cursos de graduação e pós-graduação especializado no assunto.
“A ideia era fazer algo para atingir esses estudiosos também. Foi então que o Matheus Moura, da então editora Reverso (hoje Cipó), teve a ideia de fazer esse estilo onde o livro é dividido ao meio. Cada metade é virada para um lado, fazendo com que o livro tenha duas capas também. Aproveitei essa ideia genial e fiz a mesma capa em cores diferentes para cada lado”, disse Igor, revelando que a inspiração veio dos álbuns “Use Your Illusion” (1991), do Guns N´Roses. A partir da capa vermelha é a versão em português e a capa azul em inglês. A tradução foi feita pelo William Vieira, amigo de Igor e vocalista do Killer Klowns, banda na qual Igor é guitarrista.
Músico prepara catálogo de bandas de Uberlândia
A divulgação fora do país foi adiada por conta da pandemia e enquanto isso, o artista tem outro projeto aprovado no PMIC e já está em processo de produção: um catálogo de bandas de Uberlândia cujo principal objetivo é que seja como um primeiro passo para eternizar os artistas da nossa cidade.
“A ideia desse catálogo veio quando ainda estava pesquisando para o ‘Arte & Heavy Metal’. Ao entrevistar pessoas como Manu Joker (U-Ganga) e até nosso querido Tibanha (Juarez Távora). Vi que nossa região sempre foi muito rica de bandas, artistas e agentes culturais. Com isso, percebi também que está na hora de começar a registrar formalmente certas coisas para não cair no esquecimento. Esse catálogo terá como objetivo então, documentar o maior número possível de bandas da nossa cena underground. Sei que é meio audacioso e difícil, mas é um começo”. Juarez, conhecido como Tibanha, foi integrante do Cirrhosis e Scourge, entre outras bandas e faleceu em outubro de 2020 aos 48 anos.
Neste trabalho, a maior dificuldade até o momento tem sido “caçar” bandas da cidade. Existem aquelas pessoas que cadastraram todas as suas bandas e isso é ótimo. Mas existem aquelas que ainda estão “escondidas” e Igor sente como seu dever encontrá-las. “Outra dificuldade também é com relação aos primórdios lá do final dos anos 1980 e começo dos 1990. Existem fragmentos de histórias espalhadas que preciso juntar de alguma forma e não ser injusto com ninguém. Mas apesar de tudo, está sendo prazeroso rever histórias com antigos amigos e a também conhecer novas pessoas e novas bandas. Sem falar que me sinto honrado fazer parte de um projeto que acredito que será bom para a nossa cena”.
Qualquer pessoa pode se cadastrar por um formulário. O cadastro pede informações sobre a banda como nome dos integrantes, gênero e afins. Pede também alguns documentos como release, foto em boa qualidade, logo e possíveis links de registros sobre as atividades da banda.
“O requisito básico para se cadastrar é ser uma banda autoral que participou da cena de rock em geral de Uberlândia. Qualquer subgênero é aceito. Indie, thrash, punk, hard core, heavy metal, black metal ou qualquer outro derivado do rock. A banda precisa ter lançado pelo menos um trabalho autoral, podendo ser uma demo, um single, um EP e por aí vai”, explicou Igor.
O formulário pode ser preenchido até meados de agosto. Acesse aqui.
INSPIRAÇÃO
Atuando em diferentes frentes, em tudo se vê arte na trajetória de Igor Rodrigues, sempre esteve presente, mas nem sempre ele dava atenção necessária, mas ela estava por lá e o caminho até a sala de aula, como professor, surgiu naturalmente.
“Quando entrei na faculdade de artes visuais eu não sabia o que iria fazer. Foi bem na época que eu tocava muito e a música era minha prioridade até então. Quando cursei as disciplinas de licenciatura, percebi que dar aula podia ser um caminho. Tive ótimas professoras como a Raquel Salimeno, a Luciana Arslan, a Elsieni Coelho e a Roberta Maira de Melo que me inspiraram e ainda inspiram até hoje. Sou grato por todo o trabalho que elas desempenharam na minha formação”
Segundo o professor, durante o pouco tempo que está em salas de aula, tenta levar os ensinamentos que teve durante o curso.
“Comecei de fato a dar aulas regulares para o ensino básico em 2019. Me dediquei ao máximo tentando inspirar os alunos com aulas que por vezes saíam um pouco do modelo tradicional e tentava aproximar as práticas artísticas do universo deles. Foi tão gratificante que nesse primeiro ano de trabalho fui um dos professores homenageados dos formandos do terceiro ano”, comentou.
Atualmente Igor está trabalhando com a educação infantil e o desafio parece que é maior ainda. “É outro mundo com outro ritmo, outra atenção e outra didática. Mas assim como a arte entrou na minha vida desde criança e mudou meu mundo, acredito que também posso fazer a diferença na vida dessas crianças. Afinal, são os futuros artistas de Uberlândia”, celebra.