Uberlândia recebe exposição de artistas aborígenes da Austrália neste mês
“O Tempo Dos Sonhos: Arte Aborígene Contemporânea da Austrália” é considerada uma das mais significativas coleções de obras de artistas aborígenes a chegar à América Central e América do Sul. A cidade de Uberlândia foi uma das escolhidas para recebê-la de 25 de maio a 23 de junho. As obras poderão ser vistas no Uberlândia Shopping, com entrada franca. A exposição já passou por outras nove cidades brasileiras em seu giro pela América do Sul com mais de 30 obras selecionadas pela importância histórica.
As peças de artistas consagrados mundialmente contam com linguagem moderna e contemporânea e técnicas diversas, tais como pinturas, esculturas, litografia e bark paintings. Esta última é um tipo de pintura sobre entrecasca de eucalipto típica do norte tropical da Austrália, que constitui uma das expressões artísticas mais antigas do mundo, com mais de 40 mil anos.
Compõem o acervo obras da Coo-ee Art Gallery, a galeria mais antiga em arte aborígene da Oceania. Em material de divulgação para a imprensa o mineiro e curador internacional Clay D´Paula – natural de Patrocínio que atualmente se divide entre Brasília e Sidney (AUS) – comenta:
Essa coleção é um presente à população de Uberlândia. Em um acervo de mais de 2 mil obras, selecionamos aquelas mais significativas. Os artistas que participam dessa exposição já tiveram suas obras publicadas em inúmeros catálogos de arte, citados em teses de doutorado e participaram de várias exposições.
Ele assina a curadoria da mostra ao lado dos australianos Adrian Newstead e Djon Mundine. Para o coordenador de Marketing do Uberlândia Shopping, Yan Marques, afirma que esse espaço deve ser um ponto de encontro para os amantes da cultura. “Acreditamos que ao promover a arte e a cultura estamos construindo uma comunidade mais rica e inclusiva”, disse.
A mostra reúne os artistas aborígenes de maior projeção internacional, com uma paleta refinada e luminosa, como a de Rover Thomas (1926-1998), com suas paisagens de cor ocre que mudaram, com sua visão, a percepção paisagística australiana. A estética desenvolvida pelos artistas lembra o minimalismo e o expressionismo. No entanto, as obras criadas por eles trazem uma linguagem visual única, lembrando que os artistas indígenas da Austrália, na sua grande maioria, não tiveram contato algum com a arte europeia. É dele o quadro que aparece na abertura deste texto: “The Eaglehawk and the Crow“.
A grande estrela da exposição é Emily Kame Kngwarray (1910-1996). Mulher, negra, que começou a pintar aos 79 anos de idade. Considerada pela crítica uma das maiores pintoras expressionistas do século XX e, mesmo sem nunca ter tido acesso a qualquer expressão da arte ocidental, já foi comparada a Pollock e Monet. Emily tornou-se a artista mais querida da Austrália representando o país na Bienal de Veneza e outros eventos de arte internacional. Em 2025, Emily receberá uma exposição solo em um dos museus mais celebrados do planeta, o Tate Modern de Londres, Inglaterra.
Curiosidades
O Tempo dos Sonhos – Os artistas aborígenes pintam os seus sonhos (mas não a ideia Junguiana de sonhar e sua associação com o inconsciente). Para eles, pintar o seu “sonhar” (dreaming, em inglês) implica recontar histórias que são atemporais a fim de mantê-las vivas e repassá-las às futuras gerações. Essas pinturas contêm informações vitais, como, por exemplo, onde encontrar “água viva” permanente. Manter o “sonhar” vivo é a motivação fundamental para a prática dos artistas indígenas da Austrália.
Bark paintings – Destaques dessa exposição, inicialmente, as bark paintings tinham uma pobreza estética grande porque não foram criadas para durar, mas para cerimônias ou decoração. Hoje, elas trazem uma execução primorosa, sendo consideradas como arte, não artefato, e estão em museus renomados, além de integrarem coleções particulares em todo o mundo.
SERVIÇO
O QUE: Exposição “O Tempo Dos Sonhos: Arte Aborígene Contemporânea da Austrália”
QUEM: Vários artistas
ONDE: Espaço a Gente Faz Arte – Uberlândia Shopping (piso 2)
QUANDO: 25 de maio a 23 de junho 2024
VISITAÇÃO: segunda a sexta (16h às 22h) | sábados, domingos e feriados (13h às 20h)
ENTRADA: gratuita