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Yuji Kodato, por

Rumos Itaú Cultural se adapta aos novos tempos

Adaptação. Essa é a palavra-chave para definir o que tornou-se a 19ª edição do Rumos Itaú Cultural, que na quarta-feira (16), divulgou os 91 projetos selecionados entre 11.246 inscritos de todo o país. A coletiva de imprensa, que por muitos anos reuniu jornalistas do Brasil inteiro na sede do Itaú Cultural, foi virtual, mas não menos calorosa do que as reuniões presenciais das quais todos sentem falta.

O estado de Minas Gerais teve 876 projetos inscritos (7,79%) e 11 selecionados (12,9%) e Uberlândia tem um representante nessa lista. O fotógrafo e artista do audiovisual Yuji Kodato. A proposta aprovada é Deriva Cartográfica que terá incentivo para criação e desenvolvimento.

A proposta do artista é na categoria Artes Visuais que impactará as seguintes regiões: Acre, Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima, Santa Catarina, São Paulo, Sergipe e Tocantins. Essa é a segunda vez que o artista é de Uberlândia é contemplado no edital.

O processo iniciado no final de 2019,lançamento do edital, não contemplava o cenário de distanciamento social. Depois de março tudo ficou incerto, mas havia uma certeza: o Rumos, seguiria.

Num primeiro momento, houve a suspensão das atividades, para preservar a saúde de tosos os envolvidos. Depois de maio, os trabalhos foram retomados, não mais presencialmente e a análise dos projetos precisou contar com um outro olhar. A preocupação principal era contemplar projetos que se adequassem às atuais exigências sanitárias em decorrência de um cenário de pandemia.

No meio disso tudo, o Itaú Cultural foi uma das primeiras instituições a lançar editais emergenciais para a classe artística como a série Arte como respiro: múltiplos editais de emergência, que contemplou mais de mil artistas. Depois com o Palco Itaú Cultural.

“Seria possível cancelar o edital por motivo de força maior, mas optamos por continuar o processo. Porém, precisamos voltar os olhares para projetos que, sem perderem sua identidade e estrutura original, pudessem acontecer em situação de suspensão social. Por conta disse, chegamos a ligar para alguns artistas para checar essa possibilidade”, afirmou Eduardo Saron, diretor do Itaú Cultural.

Ele disse ainda que se considera privilegiado por estar em uma instituição que mesmo diante de um cenário dramático e triste, continua a investir em agentes artísticos e culturais. Só no 19º edital são R$ 12 milhões. “Arte e cultura têm cumprido papel profundo de acolhimento às pessoas em um momento em que mais de 180 mil famílias perderam alguém por conta da pandemia desencadeada pelo novo coronavírus”.

Ele ressalta que o Itaú Cultural não faz políticas públicas, mas é uma instituição privada de espirito público. ”Isso se faz com união, mobilização e investimento como fizemos no Palco Itaú Cultural e nos editais de emergência”.

COMISSÕES

Comissão avaliadora em janeiro de 2019 (Anna Carolina Borges/Divulgação)

Além de Saron, participaram da coletiva Aninha de Fátima, gerente do núcleo de Comunicação e Relacionamento do Itaú Cultural, Lígia Cortez atriz diretora teatral e educadora paulista, e o diretor, roteirista, produtor e escritor mineiro Joel Cito Araújo, da comissão de seleção.

O processo foi mais complexo e mais desafiador. A primeira comissão é a de avaliação e conta com 40 avaliadores oriundos de diferentes regiões do país, diferentes áreas de atuação e representantes de outras instituições. Nesta etapa, cada proposta foi lido por quatro pessoas.

Na sequência, a comissão de seleção, também multidisciplinar, faz outra análise. Seus integrantes são 23 profissionais que se inter-relacionam com a cultura brasileira, incluindo os gestores da própria organização. Na comissão estão ainda os 11 representantes do Itaú Cultural.

Para Araújo, o processo foi enriquecedor. “Vimos o emergir de mulheres negras, jovens e pessoas de idade mais avançada com projetos ricos que tratam de suas emergências. Foi interessante encontrar esse país pulsante e incrível desabrochar em um momento de trevas”.

Lígia corrobora com ele. “Ouvi o Brasil inteiro pelo Rumos, todas as regiões foi uma jornada muito enriquecedora. Nunca vi integração tão forte em uma comissão”.

Segundo as comissões, o resultado reafirma uma tendência crescente de pesquisadores e artistas voltada para recortes que permeiam o mundo contemporâneo e a atualidade artística brasileira como, por exemplo, questões de negritude, femininas, de acessibilidade e indígenas.

O resultado desta edição do Rumos Itaú Cultural também mostra a preocupação crescente – já registrada como tendência em edições anteriores – entre artistas e pesquisadores com a preservação da memória e da organização de acervos.

Também volta a trazer uma forte inflexão em questões relacionadas a assuntos de negritude, femininos, indígenas, urbanos e de acessibilidade. Tem grande registro, ainda, de projetos na criação em literatura, audiovisual – com destaque para filmes de animação – e música, HQs, artes visuais e arte&tecnologia, além de trabalhos de cênicas, entre teatro, dança e circo. Outras linguagens e suportes, como a arquitetura, formação, games, e moda figuram na lista de contemplados.

Com exceção do Amapá, todos os estados brasileiros e o Distrito Federal tiveram propostas contempladas. Vale observar, no entanto, que nenhuma unidade federativa do país deixará de ser impactada por algum desses trabalhos – boa parte deles tem origem em um lugar e impacto em outro. O Amapá aparece em um projeto de São Paulo: em Oneide Bastos – 60 anos de canto amazônico, o proponente paulista e músico Dante Ozzetti vai produzir um álbum com canções autorais da cantora e compositora amapaense e de outros compositores inseridos ou que se referem ao ambiente amazônico. As músicas serão interpretadas pela própria Oneide, os arranjos levarão a assinatura de Ozzetti.

MUDANÇAS

Segundo Saron, o 20º edital do Rumos será completamente diferente do atual. “Passamos por esse momento de aprendizado. O próximo edital terá um formato que passa pelo processo de formação, muito presente nesses tempos, tanto que até criamos a Escola Itaú Cultural. Porém, continuaremos com uma representação geográfica que vai abranger o país inteiro, desde as comissões até os projetos selecionados.

IC Lança série em podcast

Aninha e Fátima conversa com membros da comissão de seleção do Rumos no podcast Rumos Possíveis, já no ar (André Seiti/Divulgação)

ANINHA BY ANDRÉ SEITI/DIVULGAÇÃO

Desde o dia 17 está disponível o primeiro episódio de seis do podcast Rumos Possíveis, novo canal do Itaú Cultural dedicado a assuntos e temáticas relacionadas ao fomento e a produções artísticas. Uma vez por semana – com exceção da última deste ano – Aninha de Fátima, gerente do núcleo de Comunicação e Relacionamento do Itaú Cultural, conversa com uma dupla de membros da comissão de seleção do Rumos 2019-2020. Os bate-papos perpassam, também, temáticas que vão das tendências culturais e reflexões sobre produções artísticas a perspectivas nesta área.

Ouça aqui o primeiro podcast com a escritora e professora de escrita e literatura Noemi Jaffe e o músico fundador da Orquestra Ouro Preto Rodrigo Toffolo.

PRÓXIMOS CONVIDADOS

22/12: a cineasta Paula Gomes e o pesquisador e curador Luiz Camillo Osório

07/01: a artista e pesquisadora de arte&tecnologia Rejane Cantoni e o intérprete, criador, educador e pesquisador das artes da cena Kleber Lourenço

14/01: a atriz, diretora teatral e educadora Lígia Cortez e o diretor, roteirista, produtor e escritor Joel Zito Araújo

21/01: a jornalista, crítica e doutora em artes cênicas Beth Néspoli e o compositor musical Ian Ramil.

28/01: a encenadora e pedagoga Maria Thais e Vânia Leal, professora da rede estadual do Pará, mestra em comunicação, linguagem e cultura, coordenadora e curadora educacional do projeto Arte Pará.

Nas mesmas datas, a página do Itaú Cultural no Youtube apresenta vídeos com integrantes da Comissão de Avaliação do Rumos 2019-2020, nos quais contam como foi a experiência de participar desse processo, o que viram nos projetos e percepções culturais no Brasil.

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