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Jurassic Safari Experience

Os dinossauros estão entre nós

Réplicas de dinossauros podem ser vistas no estacionamento do Uberlândia Shopping (Divulgação)

Imagine a cena. Você está dirigindo seu carro, conversando com uma pessoa do seu lado e ouve ela dizer: “Para o carro para o estegossauros passar”. E você ouve aquilo com naturalidade, afinal, minutos antes você avistou o primeiro anquilossauro. Estamos em 2021 e nenhuma espécie de dinossauro viveu até aqui e graças à pesquisa, ciência e tecnologia essa cena citada no início do texto pode ser vivida por você e sua família em Uberlândia, que recebe desde ontem (28) o Jurassic Safari Experience.

O mega-show tem sessões até domingo (31) e apesar de ser uma experiência que enche os olhos das crianças, também mexe com o coração dos adultos porque a paixão pelo mundo dino pode durar uma vida inteira e passar de pais para filhos.

E para tornar essa experiência possível foram em média 6 meses de trabalho desde as primeiras concepções, a escolha de quais animais iriam compor esse espetáculo, o que o roteiro iria abordar. “Queríamos algo interativo, que apesar de informativo não fosse chato”, explica o Bruno Gonçalves Augusta, paleontólogo integrante do Laboratório de Paleontologia – Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (MZUSP), consultor do Jurassic Safari Experience, que tem assinatura da Chaim Produções.

SINOPSE

O Jurassic Safari Experience se passa em um parque imaginário construído por cientistas que conseguiram recriar dinossauros de diversos períodos, como triássico, jurássico e cretáceo. Ao entrarem, os visitantes já terão contato com alguns destes animais gigantes enquanto dirigem seus carros até o local da apresentação. Ao chegarem à arena, uma nova viagem começa. Mike, rapaz jovem e engraçado, será o nosso guia neste mundo encantado em que enormes répteis voltam à vida e interagem com a plateia. Durante toda a apresentação, Mike estará presente para nos explicar sobre o surgimento do Jurassic Safari Experience e como esses animais magníficos foram parar ali, além de dar detalhes científicos de cada um deles. O público irá se encantar com espécies de dinos como braquiossauros, estegossauros, anquilossauro, triceratops, o temido T-Rex e muitos outros.

Mike comanda a viagem no tempo (Camila Cara)


SERVIÇO

O QUE: Jurassic Safari Experience
ONDE: Estacionamento do Uberlândia Shopping
QUANDO: até terça-feira (31/10)
DURAÇÃO APROXIMADA: 55 minutos
INGRESSOS: entre R$120 e R$ 210 (carro para até quatro pessoas)
SESSÕES: hoje (29) às 19h e 20h30; sábado (30) às 11h30, 14h30, 17h30 e 19h; domingo (31) às 11h30, 14h30, 17h30 e 19h.
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Quando a brincadeira vira coisa séria

Vitor Alves Mendes (fotos acima – acervo pessoal) é Geógrafo graduado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), atualmente trabalha com rastreamento na área de transportes. Junto com ele carrega desde a infância uma paixão que virou assunto de família: dinossauros! Essas criaturas extintas há milhões de anos, graças à ciência, a história e a tecnologia jamais deixaram de permear os sonhos e a imaginação de muitas crianças.

Aos 39 anos ele recorda da primeira vez que teve contato com o mundo dos dinossauros e ouviu falar em paleontologia, a ciência que estuda formas de vida existentes em períodos geológicos. Era meados dos anos 1980, um sábado. E ele acompanhava a mãe na casa da tia, que era manicure. Enquanto dona Lena fazia as unhas e conversava com a tia Tereza, o menino foi para a sala assistir televisão. A telinha exibia “O Mundo Perdido”. Logo ele descobriu que a produção cinematográfica de 1960, dirigida por Irwin Allen, era baseada em livro homônimo de Sir Arthur Conan Doyle, um clássico da literatura de fantasia lançado em 1912.

“Eu nem tinha ideia de que bicho era aquele, o que era aquilo e fiquei curioso. Foi hipnótico ouvir aquele nome ‘di-nos-sau-ro’… ficava repetindo na minha mente. Depois vieram outros livros, filmes, séries. Fui sendo cada vez mais cativado pelo tema. Descobri que existia a paleontologia e sabia que era isso que queria para a minha vida”, conta Vitor.

Foi na infância que ele montou seu primeiro dinossauro que veio junto de um livro e mais tarde começou a colecionar as figurinhas do álbum dos chocolates Surpresa, um clássico da Nestlé que ficou 15 anos no mercado. Em 1993 a série de cromos foi sobre dinossauros.

“Para ganhar o álbum a gente precisava mandar uma carta para a Nestlé. Tenho o meu até hoje e falta apenas um cromo número 100 para completar”.

E era de se esperar que dali em diante toda feira de ciência e todo trabalho escolar que aparecia, Vitor optava pelo mundo dos dinossauros. Quando chegou a hora de escolher uma faculdade, estava propenso a escolher Artes Plasticas, ate uma professora de Geografia conversar com ele. Percebeu o interesse do aluno pelos dinos e falou sobre o professor Roberto Candeiro, que cursou Geografia e depois foi para a paleontologia.

“O que era uma paixonite passou a ser uma potencial carreira. Entrei na Geografia e fui me aproximando de grandes professores. Logo fui aprovado para estágio no laboratório de Geologia da UFU, depois fiz estágio em Peirópolis, Uberaba, a terra dos dinossauros mineira e centro de referência nacional em paleontologia”.

Infelizmente, chegou em um ponto que Vitor precisou deixar o sonho de ser paleontólogo de lado, mas não o abandonou. Em meados de 2019 ele foi convidado pra dar uma palestra sobre dinossauros na creche da filha. Com ajuda do professor Douglas Riff, do Laboratório de Paleontologia da UFU, ele preparou uma palestra que foi um sucesso. Vitor não quer projetar nada, mas percebeu que a filha, Geovanna Catarinne, também compartilha da paixão do pai pelos dinos e a mamãe, Mirian Dias Nascimento Mendes dá toda a força pra dupla.

“Eu não desisti, adiei alguns planos porque esse campo da ciência é fascinante. Quero fazer mestrado e doutorado sobre o Abelissauro, o carnotaurus sastreis”.

Quem muito pode inspirar o Vitor e o consultor do Jurassic Safari Experience. Além de integrar o MZUSP o paleontólogo Bruno Gonçalves Augusta tem graduação em Ciências Biológicas pelo Centro Universitário Fundação Santo André e Mestrado em Sistemática, Taxonomia Animal e Biodiversidade pelo Museu de Zoologia da USP. Realizou doutorado no Programa de Pós-Graduação em Zoologia do Instituto de Biociências da USP e é coordenador geral do Grupo CienciAção – Divulgação Científica. Tem experiência nas áreas de Zoologia, com ênfase em Paleozoologia; e Divulgação Científica, com ênfase em educação não-formal de Paleontologia em Exposições, Museus e Centros de Ciência. Sua pesquisa está concentrada em ontogenia, morfometria e filogenia de répteis fósseis.

E todos esses títulos acadêmicos começaram com…  o chocolate Surpresa. Assim como Vitor e milhões de garotos e garotas pelo mundo, o interesse de Bruno pela paleontologia começou na infância.

“Quando minha mãe chegou com aquele álbum e aquelas figurinhas eu gostei demais, li centenas de vezes. Sempre fui muito imaginativo, gostava de inventar histórias sobre monstros e descobri que existiam monstros parecidos com aqueles que eu imaginava e eram os dinossauros. Eu tinha entre 6 e 7 anos de idade”, conta o pesquisador.

Ele afirma que não é fácil ser cientista no Brasil, principalmente em tempos de tantos cortes na ciência, mas mesmo assim ele não se arrepende de sua escolha.

O professor explica que as pessoas sempre se interessaram por monstros, por criaturas fantásticas: dragões, unicórnios, animais incríveis, animais monstruosos, hidras, grifos. Mas, por que os dinossauros são mais populares do que qualquer um desses citados?

“Porque os dinossauros existiram de verdade e nos levam a pensar em duas coisas. Primeiro, no aspecto mais ‘monstruoso’ da história, são animais muito grandes e não tem como não imaginar qual seria o impacto de ter animais desse tamanho hoje em dia convivendo com a gente. Segundo, eles nos transportam para uma outra época. E como se você tivesse fazendo uma viagem no tempo. Porque até pouco tempo atrás, pensando na idade da terra, a gente não tinha estrada. Se a Terra tem 4,6 bilhões de anos, os dinossauros apareceram a duzentos e poucos milhões de anos e foram extintos a 66 milhões de anos. Esses animais nos mostram como era o mundo no passado e nos trazem uma viagem… a gente fica imaginando desde o lado monstruoso deles até como eles viveram na terra, não são seres inventados, eles existiram e andaram por aí até pouco tempo atrás, geologicamente falando”, finaliza o professor.

Confira o vídeo para saber mais sobre o show

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