Os desafios do ensino de arte em foco
Há algumas semanas a professora do Curso de Licenciatura em Artes Visuais da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Raquel Salimeno, começou um novo projeto com seus alunos. Por meio de lives, tem discutido com a comunidade acadêmica e não acadêmica, o ensino de arte. Os eventos abertos à comunidade, aconteciam no Laboratório de Ensino do Curso de Artes Visuais desde 2018. Com a pandemia esses eventos passaram a acontecer em formato de lives, como Extensão Universitária. As lives são os Ciclos de Diálogos que ganharam o título “Transmissão aos vivos”.
Segundo Raquel, a ideia surgiu no curso de licenciatura. “Atuo na formação de professoras no estágio supervisionado, que acontece na comunidade e também na disciplina que relaciona arte com direitos humanos. Como projeto de extensão a gente desenvolve as ações junto com a comunidade. Melhor do que levar uma oficina pronta, fazemos isso juntos porque só a comunidade sabe das suas necessidades”, afirmou a docente.
Os temas são permeados pelo momento em que vivemos, de constante transformação e muitos desafios. “O mundo está em constante mudanças e quanto mais a gente se aproximar das pessoas, dentro das possibilidades em um cenário de pandemia, mais podemos melhorar nossa docência. A ideia do estágio veio dessa inquietação”, contou.
Os diálogos levam ao conhecimento das produções das pessoas e os futuros professores precisam de uma formação mais crítica, de pensamento mais crítico sobre o seu entorno. “Junto com a turma queremos mobilizar, além das comunidades, egressos da universidade, educadores de outras instituições e os artistas integrados a estas comunidades em uma relação horizontal”, disse a professora.
Para Raquel, as imposições da pandemia, como a necessidade de ficar mais em casa, trouxe também algumas oportunidades, como a presença de especialistas de outros estados e até outros países participando do projeto sem o custo de uma viagem, por exemplo.
ARTE PÓS-COLONIALISMO
Nesta sexta (7), às 19h, a discussão é sobre arte pós-colonial. Segundo Raquel, outra inquietação que motiva o projeto é o ensino da arte a partir do colonizador, muito comum na educação brasileira. “Há tantos tipos de arte em tantas comunidades diferentes e hoje tudo que entendemos como arte vem a partir de uma relação de poder. Já fui professora do ensino básico e eu sou uma professora que forma professores. As imagens reconhecidas dentro do circuito oficial traz a imagem do colonizador. Precisamos de espaço para outras imagens, para outras culturas, como a indígena, por exemplo”, comentou a professora que espera ainda que o projeto ajude o docente a trabalhar esses sentidos dentro da sala de aula e tenha uma relação mais humanizada com os alunos.
A conversa de hoje tem o objetivo de criar um espaço de reflexão, valorização e respeito as diferenças, que estimule os educadores/gestores culturais ao pensamento crítico em torno da cultura contemporânea e seus conflitos e incentivar o combate a intolerância na elaboração de projetos culturais e educativos.
Esta edição recebe educadores, pesquisadores, alunos egressos ou em processo de formação, artistas integrados ou não ao circuito oficial, produtores culturais, lideranças comunitárias nesses diálogos que chegam ao terceiro episódio. Os convidados são a cantora, compositora e produtora cultural, mestra em Educação pela UFU, Natania Borges; o artista visual, egresso da UFU, músico, compositor e professor de artes Cléo Custodio Ferreira e a artista, docente, produtora, mestra em Artes Cênicas pela UFU Rubia Bernasci. A mediação é do professor Renato Palumbo Dória: membro do Comitê Brasileiro de História da Arte (CBHA) e professor associado do Instituto de Artes da UFU e Raquel Salimeno.
SERVIÇO
Live: Diálogos Transmissão aos Vivos
Tema: Arte Pós-Colonialista em foco
Transmissão: Canal Primeiros Passos Rumo à Educação Cultural 2021
Link da inscrição para certificados aqui
PRÓXIMOS ENCONTROS*
14/05 Graffiti: A Arte Política
21/05 Arte & Heavy Metal
28/05 Gestão cultural e emancipação social
*Sempre às 19h30