Uberground

O Rock Aid abre a temporada de comemorações do segundo ano de atividade do projeto social que já distribuiu cerca de 40 toneladas de alimentos em atendimentos quinzenais nos assentamentos Maná e Renascer, em Uberlândia. E para chegar mais longe e divulgar mais essas ações e aumentar o número de voluntários, os shows de rock têm sido momentos de confraternização e solidariedade.

No domingo de Páscoa, 9 de abril, o Rock Aid apresenta: Black Pantera – Ascensão Tour. O trio de Uberaba acabou de se apresentar no Lollapalooza, foi atração do Rock in Rio no ano passado e tem passagens por festivais como Download Festival, na Alemanha, e Afropunk, na França.

Formada em Uberaba em 2014, a Black Pantera faz uma homenagem aos Panteras Negras com este nome. Charles Gama (guitarra, vocal) e Chaene da Gama (baixo) e Rodrigo “Pancho” Augusto. Com o álbum “Agressão” (2019) eles começaram a chamar atenção na cena musical abordando nas letras temas como racismo, violência, preconceito e a influência política em tudo isso. Aos poucos, consolidam um caminho firme dentro do hardcore/metal, ou crossover para quem preferir.

Black Pantera não é só música

Charles Gama

Apesar do reconhecimento conquistado nessa jornada cheia de altos e baixo, o Black Pantera mantém os pés firmes no chão e mesmo quando a agenda está apertada conseguem dar um jeito de atender à jornalista para uma entrevista.

Nos corres dos ensaios, e até marcando presença buscando filho na escola, Charles encontra um tempinho para responder ao Uberground. A primeira pergunta é como se encontram neste momento, próximos de completar a primeira década.

“São quase 10 anos de banda. Tudo que passamos até aqui valeu a pena, faz parte da nossa história, desde tocar para ninguém até chegar no palco de um dos maiores festivais do mundo. E pra nós agora é importante saber que o Black Pantera não é só música. Se tornou uma forma de protesto, de família, de conjunto de coisas. As pessoas querem saber o que pensamos sobre as coisas, como o racismo”, disse o vocalista Charles Gama.

Charles conta que tocar em festivais como o Download Festival, para um público de 80 mil pessoas, representa uma conquista não só para a Black Pantera, mas para o rock feito no Brasil, em português, falando de assuntos que uma sociedade civilizada não deveria mais vivenciar, mas infelizmente, continuam latentes, com um número de vítimas subindo a cada dia. E isso eles levam de experiência para fora e também trazem um pouco do que conheceram fora.

O assassinato de George Floyd, nos Estados Unidos, por exemplo, deixou feridas em toda a comunidade negra. E o Black Pantera cantou sobre isso em “I can´t breath”.

O legal dos festivais gringos é a experiência que a gente adquire conhecendo novos países e novas culturas. Do mesmo jeito que levamos algo do que vivemos aqui. Cantamos em uma língua diferente da língua nativa deles. O trabalho do Black Pantera é todo em português e mesmo assim foi extremamente visceral. Tem a questão do feeling, as pessoas sentem o que a gente tá falando mesmo não entendendo, isso vai além da barreira da linguagem”.

Além dos shows o Black Pantera também visita escolas, conhece as pessoas, troca ideias. “Se eu puder encorajar um moleque que tá começando a tocar guitarra eu vou ficar feliz, mas ele vai saber que terá que trilhar seu próprio caminho. Nós queremos somar, não queremos ser a única banda preta no rolê. Queremos mais bandas pretas, mais bandas feministas, mais bandas femininas…”, comenta o vocalista.

A turnê do álbum “Ascensão”, que saiu pela Deck, começou bem, pelo Lollapalooza, décima edição brasileira. “Eu sempre acompanhei o Lolla pela TV, conheço a história do festival e nunca tinha ido. Gosto da diversidade que ele tem de não segmentar por dia de rock, de metal de pop… acaba apresentando nosso trabalho para mais gente. E foi muito especial participar. Quando fizemos turnê fora do país e chegamos a grandes festivais queríamos muito chegar nesse ponto no nosso país”, disse Charles.

Para o Black Pantera, a arte salva e, claro, viver dela e por ela não é nada fácil. E por isso eles seguem na luta por eles e por todos os brothers e sisters que sonham em seguir neste caminho.

Arte salva. Música. Livro. Teatro. Poesia. Tudo é bonito quando feito com o coração. A gente saiu de onde tudo podia dar errado, somos um exemplo de perseverança. Com apoio dos amigos e da família não desistimos e conseguimos ter uma carreira. Não saímos de uma cidade grande, e hoje somos respeitados fazendo punk e hardcore. Agradecemos a todos que nos acompanham e estamos aí para fortalecer com vocês”.

DOMINGO NO UDÃO

A Black Pantera se apresentará em Uberlândia neste domingo a convite do proejto social Rock Aid. O evento contará ainda com Lady Kira, de Amanda Coleto, e a banda Rockão, ambos de Uberlândia. “A gente tá muito empolgado e feliz por voltar a Uberlândia, temos muitos amigos aí e esperamos ver todos nesse show, e o melhor, ajudando quem precisa”, afiram Charles Gama.

Para ele, participar de eventos solidários como o Rock Aid é uma forma de contribuir com uma sociedade melhor. “É um projeto muito bonito. Eu não entendo como alguém consegue dormir pensando que na rua tem uma criança passando fome”.

Para Cléber Preto, Jorge Albernaz e Daniel Mohallem, do Rock Aid, ter o Black Pantera nesta ação só fortalece o comprometimento do projeto social que tenta levar mais dignidade para pessoas em vulnerabilidade social. “A galera vai pro show se divertir, mas lembra que também está ali ajudando, cada um fazendo um pouco, conseguimos aquecer alguns corações”.

IMPACTOS ROCK AID

●       Mais de 25 mil refeições distribuídas em quase 2 anos de atividade.
●       Campanha Permanente em prol da Dignidade Menstrual com mais de 10 mil absorventes e centenas de itens de higiene pessoal distribuídos aos nossos assistidos.
●       Cerca de 40 toneladas de alimentos foram entregues nas ações.
●       Duas campanhas de Páscoa com entrega 500 ovos de Páscoa em cada nos assentamentos Maná e Renascer.

SERVIÇO

O QUE: Rock Aid apresenta Black Pantera – Ascensão Tour
SHOWS: Black Pantera, Lady Kira e Rockão
QUANDO: Domingo, 9 de abril
HORÁRIO: 14h às 22h
LOCAL: Cervejaria Benedith – Avenida Getúlio Vargas, 2.100
INGRESSOS: R$ 25 à venda pelo Sympla – toda renda revertida para o Rock Aid
CLASSIFICAÇÃO: 18 anos
MAIS INFORMAÇÕES: Rockaidudi