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Guilherme Carolino leva talento e sonhos para o palco do Festival Timbre no domingo, atrações dos sábado foram suspensas por conta dos estragos causados pela chuva em Uberlândia

A tão esperada chuva chegou a Uberlândia, e deixou estragos em muitos pontos da cidade. Uma das áreas atingidas foi a do Teatro Municipal, onde na área externa acontece neste final de semana mais uma edição do Festival Timbre. Em nota divulgada no início da noite, a organização informa que a suspensão do evento neste sábado (28).

Essa é uma decisão difícil que foi tomada pensando na segurança e mobilidade do público, dos artistas e da equipe técnica e operacional. As apresentações do segundo dia de festival estão mantidas e mais informações sobre reembolsos, por exemplo, ainda serão divulgadas. Acompanhe pelo instagram do festival as atualizações.

Agora é trabalhar para que no domingo tudo aconteça como planejado. Na sexta-feira (26), após passagem de som, o músico Guilherme Carolino, mineiro de Patos de Minas radicado em Uberlândia, conversou com o Uberground sobre expectativas do festival e a carreira. Ele é o nome por trás da banda Carolino há 12 anos. Ele é uma das atrações do domingo (29) na edição de 2024 do Festival Timbre. A venda online de ingressos está encerrada. Os mesmos podem ser adquiridos na bilheteria do local. A classificação é 16 anos. Menores de até 15 anos entram acompanhados pelos pais ou responsável legal e crianças até 8 anos não pagam ingresso.

Em 2021, Carolino lançou seu primeiro álbum homônimo (ouça aqui), que, apesar de evidenciar suas raízes influenciadas pela música brasileira – especialmente artistas nordestinos e o Clube da Esquina – estabelece uma conexão com o rock progressivo inglês, imprimindo sua própria identidade em músicas como “Meninada,” “Au Revoir,” “Descendo a Ladeira,” e “Rua dos Jades.”

Além de cantor e instrumentista, Guilherme Carolino é um compositor de mão cheia, que foge do óbvio sem cair no clichê de reinventar a roda. Sua vivência em diferentes cidades brasileiras e também em Portugal enriquece seu repertório, sempre repleto de poesia.

No entanto, o talento para tocar e compor nem sempre é suficiente para que um artista consiga viver de sua arte. Essa dificuldade, tão comum em atividades culturais num país onde grande parte da população não percebe a arte como investimento, serve de combustível para quem reconhece o valor de seus sonhos.

A primeira vez que vi Carolino no palco foi em uma banda tributo ao rei Roberto Carlos, num momento em que o país começava a sair do período mais severo da pandemia da Covid-19. Desde que chegou a Uberlândia, ele tem se cercado de grandes talentos locais, incluindo os músicos que tocarão com ele no Festival Timbre. Guilherme sabe que uma cena musical não se constrói sozinha

Foi em 2021 que ouvi o álbum, grande responsável por Carolino ser selecionado para o Festival Manso em 2023. Como os fãs que ele já conquistou, espero ansiosamente pelos próximos capítulos dessa trajetória.

O primeiro álbum foi uma das coisas mais bonitas que fiz na vida

Videoclipe de “Mediamar”, do álbum homônimo de Carolino (Reprodução YouTube)

Em entrevista exclusiva ao Uberground, Guilherme Carolino afirma que o Timbre é um momento muito especial em sua carreira e compartilha sua visão consciente sobre a cena musical de Uberlândia, que o conquistou, mesmo sendo cheia de encontros e desencontros. Com o segundo álbum a caminho e planos para os próximos, confira a entrevista:

Uberground: O que te motiva a fazer música?

Guilherme Carolino: É o que me motiva a viver mais tranquilo. Quando penso em música, especialmente nas que eu criei, é o momento em que me sinto em paz e, ao mesmo tempo, meu coração acelera. Às vezes, chego a me emocionar, a ponto de derramar lágrimas por ter concebido algo de que muito me orgulho, como o primeiro disco.

Que bandas ou artistas são fundamentais na construção do seu som?

A grande maioria das influências que trouxe para o projeto Carolino são artistas nordestinos como Alceu [Valença], Moraes Moreira e Geraldo Azevedo. Também me inspiro no rock progressivo inglês, sem deixar de lado minha origem, que se conecta com o Clube da Esquina, Milton Nascimento e, mais recentemente, Luiz Salgado [cantor e compositor de Araguari], que traz muita influência do sertão mineiro e das raízes do nosso estado. Tento juntar tudo isso, ou separar, e daí surge algo que vai além da criatividade.

Quem são os músicos que estarão com você no palco do Timbre?

O Timbre vai ser um dos maiores, se não o maior presente que recebi como artista. Um festival desse porte é um privilégio para qualquer músico. Estou muito grato e feliz por fazer esse show com amigos músicos aqui de Uberlândia: Vinicius Silva na bateria, Rafa Vaz no baixo, Manoel Moura na percussão e Lucas Simon na guitarra.

Guilherme Carolino criou o projeto Carolino há 12 anos e prepara o segundo álbum (Divulgação)

O que você pode adiantar sobre o segundo disco? O que valorizou no primeiro e o que não funcionou?

O segundo disco está previsto para 2025, já que estamos aguardando incentivo público para levar nossa arte para Uberlândia e para o mundo. Este próximo álbum já está criado e mantive as referências do primeiro. A partir da minha bagagem de vida, sinto que tenho muito a expressar nessa mesma linguagem. Quem sabe, para o terceiro disco, eu traga uma roupagem nova.

O primeiro álbum foi uma das coisas mais bonitas que fiz na vida. Porém, por falta de experiência em gravação e produção, acho que faltou um pouco mais de tempo para digerir o som e desenvolver arranjos e uma divulgação mais intensa. Infelizmente, a falta de tempo, como acontece com muitas pessoas, não permitiu uma divulgação de qualidade. Quem sabe, nos próximos álbuns, isso possa mudar…

O primeiro álbum pra mim foi uma das coisas mais bonitas que fiz na vida toda

Qual é a sua visão geral da cena autoral de Uberlândia?

Na minha opinião, Uberlândia merece mais. Participei de um bloco de carnaval aqui composto apenas por artistas que não tinham palco. Há muitos artistas na cidade que, por falta de oportunidade ou conhecimento, acabam passando despercebidos na cena autoral. Acho que estamos melhorando, mas ainda falta muito chão para que Uberlândia aprenda a reconhecer os talentos que tem e que realmente querem viver de sua arte. A maioria precisa trabalhar em atividades completamente diferentes ou se mudar para lugares com mais oportunidades.

Eu trabalho como soldador para poder pagar as contas. Outro exemplo é a Natania Borges, que também vai se apresentar no Timbre e que é gigantesca na música autoral uberlandense, mas precisou se mudar para São Paulo em busca de mais oportunidades. Temos também o Cena Cerrado, que é pouquíssimo valorizado. Para uma cidade desse tamanho, ainda há muito a ser feito na cena autoral. Ainda bem que temos o Timbre, um festival grandioso que representa muito bem o que nós, artistas, desejamos para nossa cidade.

Confira as atrações do Festival Timbre 2024 (em ordem alfabética)

SÁBADO (28) – SUSPENSA POR CONTA DE ESTRAGOS CAUSADOS PELA CHUVA EM UBERLÂNDIA

Brisa Flow | DJ Mamede | DJ Snoop | DJ Genuino | DJ Yana | Djonga | Flor E.T. Sixs | Gangsta Squad | Grupo Fancy Black | Grupo Star Black | Letrux | Marcelo Falcão | Marina Sena | Natania Borges | Seu Jorge | The Monikas

DOMINGO (29)

Black Alien | Detonautas | Banda Uó | Lamparina | Bia Nogueira | Carolino | Rockão | Thug Farm | Sertão da Farinha Podre | DMG | DJ Xuxu Rocha | DJ Kong | DJ J.Maurin | DJ Lidi Luz | Studio Ascendance | Evolution King’z Crew | Grupo DCG | Casa de Hydra convida Casas Ballroom

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