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Ana Clara Guerra fala sobre o processo contínuo de aprendizado que volta em forma de emoção ao violão às vésperas de apresentações em Uberlândia e Uberaba

Ana Clara Guerra é musicista, mineira, dona de uma sensibilidade latente que, desde muito cedo, encontrou na música a sua vocação. A violonista, que começou estudando contrabaixo, é egressa da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e do Conservatório Estadual de Música Cora Pavan Capparelli, onde também lecionou. Hoje, é uma visita em casa: morando em São Paulo e sempre focada na carreira, ela retorna à cidade natal para uma apresentação nesta terça (22) e quarta-feira (23) e em maio toca em Uberaba, no dia 14 (detalhes abaixo).

Em sua trajetória, destacou-se na prática da música de câmara — expressão que surgiu no século XVII para se referir à música erudita composta para um pequeno grupo de instrumentos ou vozes, que, historicamente, se apresentavam nas câmaras dos palácios ou em salões residenciais.

Seu talento e profissionalismo a colocaram diante de outros grandes nomes, com os quais dividiu projetos premiados, como o BDMG Instrumental, junto com Jack Will. Também participou de grupos de choro, acompanhou cantores e instrumentistas e, com Isa Pimenta e Laila Policarpo, compôs a música “Piruá”, destaque no Prêmio Música das Minas Gerais, em 2022.

Ana Clara se abre para as múltiplas possibilidades oferecidas pela música, enfrentando todas as dificuldades que fazem parte do dia a dia de uma artista. Seja no Brasil ou no exterior, seja nos clássicos da MPB ou na música instrumental latina e europeia, ela bebe de diversas fontes. E um pouco disso o público pode conferir em seu primeiro álbum solo, “Novos Ventos” (2024), que traz oito faixas, incluindo composições de sua autoria e de parceiros de longa data — os violonistas João Camarero, Alessandro Penezzi, Lucas Telles e Daniel Lovisi. O álbum celebra o violão brasileiro e apresenta um recorte da produção contemporânea desse repertório.

A formação é contínua, independente se o foco de atuação é docência, performance ou composição, sempre há o que aprender e aperfeiçoar


Agenda

Ana Clara Guerra (Divulgação)

Anote os detalhes das próximas apresentações de “Novos Ventos”, de Ana Clara Guerra, viabilizadas pela Lei de Incentivo à Cultura Aldir Blanc (PNAB). E, em seguida, confira a entrevista exclusiva com a artista:

📅 22 de abril, terça-feira, às 18h — Bloco 3M – Campus Santa Mônica da UFU
📅 23 de abril, quarta-feira, às 19h — Conservatório Estadual de Música Cora Pavan Capparelli
📅 14 de maio, quarta-feira, às 19h — Conservatório Estadual de Música Renato Frateschi (Uberaba)
🎟 Entrada franca em todas as apresentações.

Foto da capa: Retratos da Jisa


Entrevista

Uberground: Sabemos que a arte é um misto de talento e dedicação. Voltando à sua trajetória, você conseguiria lembrar o momento em que percebeu: “Poxa, acho que nasci pra isso”, no que diz respeito ao seu relacionamento com a música?

Ana Clara Guerra: Quando adolescente tive aquele momento de dúvidas acerca de “o que seria quando crescesse”. Pensava em fazer um curso de arquitetura ou psicologia, porém quando comecei a fazer aulas de violão no Conservatório, lá para os 16 anos, nunca mais pensei em outra coisa na vida. Sinto que não tive escolha rs.

Sua formação é contínua, nunca para… Imagino que algumas pessoas não entendem que todo talento só evolui com dedicação. Como é um dia normal na vida de uma musicista, professora, intérprete e compositora?

Isso acaba sendo um pouco pessoal de acordo com a rotina de cada pessoa. Quando estava atuando principalmente como professora em escolas de música, como o Conservatório, onde também fui professora, acabava ficando a maior parte do dia nesta função. Como o tempo para estudar ficava menor, neste contexto, conciliava os estudos e as composições de acordo com as demandas que iam surgindo, além da agenda de tocadas que geralmente começava no meio da semana e terminava só no final de semana. O que posso dizer sobre esta questão é que, realmente, a formação é contínua, independente se o foco de atuação é docência, performance ou composição, sempre há o que aprender e aperfeiçoar. No caso da performance tem também a questão corporal, o preparo e resistência física para tocar o instrumento, que precisa de manutenção diária, ou seja, dedicar algumas horas por dia estudando o instrumento.

Como você enxerga o seu papel como inspiração para outros artistas, principalmente para meninas e mulheres que, de repente, podem estar naquele ponto em que você descobriu que o violão seria um divisor de águas na sua vida?

Acredito que, especialmente para meninas e mulheres, é uma coisa muito importante a representatividade. Lembro que apesar de saber que existiam lindos trabalhos de violonistas compositoras e me inspirar por estes trabalhos, minha chavinha só virou mesmo quando vi em minha frente uma grande violonista tocando suas próprias composições e ocupando espaços importantes. Foi um incentivo grande para que eu começasse a compor para violão também.

Ana Clara Guerra em vídeo produzido por Yuji Kodato (Reprodução YouTube)

Você ainda mora em Uberlândia? Se não, como está sua vida atualmente? E, se já tiver algo para compartilhar sobre 2025, fique à vontade.

Agora estou morando em São Paulo, apesar de estar sempre por Uberlândia para tocar. Neste ano estou feliz de estar desdobrando o trabalho com o disco que lancei em 2024, ‘Novos Ventos’. Estão sendo lançados no YouTube lindos vídeos das músicas do disco, produzidos por Yuji Kodato, um artista de Uberlândia também, gravados em espaços da cidade que têm uma atuação cultural muito legal e que são geridos por mulheres que são artistas que admiro. Além dos recitais que estão sendo realizados em Uberlândia e Uberaba, também temos uma circulação desse mesmo repertório em outras regiões, como uma turnê que irei realizar em breve em algumas cidades históricas de Minas Gerais. Também estou animada para produzir coisas novas.

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