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‘Ainda Estou Aqui’ garante Oscar de Melhor Filme Internacional para o Brasil, confira a lista de vencedores e principais momentos da premiação

A 97ª cerimônia do Oscar, realizada no Dolby Theatre em Los Angeles, consagrou “Anora” com cinco estatuetas, mas o Brasil não saiu de mãos vazias, conquistando uma das três categorias a que foi indicado. “Ainda Estou Aqui” ficou com o prêmio de Melhor Filme Internacional na noite de domingo (2).

A cerimônia de premiação teve início com uma série de cenas clássicas do cinema, até que, no palco, surgiu Ariana Grande, interpretando “Somewhere Over The Rainbow”, seguida por Cynthia Erivo com “Home”, ambas acompanhadas ao vivo pela orquestra do Oscar. As estrelas de Wicked cantaram juntas “Defying Gravity”. O número musical foi encerrado com a entrada do mestre de cerimônias da noite, Conan O’Brien, que comandava o evento pela quarta vez e fez uma alusão à cena de “A Substância”.

A abertura foi um pouco extensa e, em termos de roteiro, o material de David Tennant no Bafta foi bem mais rico. A premiação começou com a entrega do Oscar de Ator Coadjuvante. Das mãos de Robert Downey Jr., Kieran Culkin recebeu a estatueta, sem grandes surpresas, já que o ator se destacou em diversas premiações antes do Oscar.

Nos Estados Unidos de Trump, os vencedores na categoria de Curta de Animação com “Flow”, os diretores Hossein Molayemi e Shirin Sohani, haviam chegado a Los Angeles apenas três horas antes da cerimônia. “Até ontem não tínhamos o visto para entrar no país, e é incrível onde conseguimos chegar com este filme”, disseram.

O Oscar de Melhor Figurino foi para o musical “Wicked“, trabalho de Paul Tazewell, e o de Melhor Atriz Coadjuvante foi para Zoe Saldaña. Ambos fizeram discursos emocionados, sendo que Zoe, com os olhos marejados, declarou: “Sou a primeira atriz de ascendência porto-riquenha e dominicana a receber um Oscar, e tenho certeza de que não serei a única!” Tazewell, o primeiro negro a ganhar o Oscar de Figurino, também se emocionou: “Tenho muito orgulho disso. Muito obrigado. Isso aqui vale tudo.”

Uma surpresa foi a presença de Mick Jagger para entregar o Oscar de Melhor Canção Original. O vocalista dos Rolling Stones não estava na lista divulgada, e brincou dizendo que não foi a primeira opção. “Eles convidaram Bob Dylan, mas ele recusou, sugeriu alguém mais jovem e eu disse: ‘ok, cara, eu vou'”. O prêmio foi para “El Mal”, de “Emilia Pérez”. Os compositores não esconderam a emoção ao receber o prêmio de Jagger. Camille chegou a fazer o “uh uh” de “Sympathy for the Devil”, um clássico dos Stones.

“A arte dá ordem e significado ao caos em que vivemos”, disse Molly O’Brien ao agradecer o Oscar de Documentário de Curta-Metragem por “The Only Girl In The Orchestra”, que narra a trajetória da tia Orin O’Brien, a primeira mulher a integrar a Filarmônica de Nova York, em 1966.

No Other Land” venceu na categoria Melhor Documentário, filmado entre 2019 e 2023 por realizadores da Palestina e Noruega, que acompanharam jornalistas israelenses enquanto documentavam a violência e as remoções forçadas em Masafer Yatta ao longo de quase cinco anos.

A apresentação de “Ainda Estou Aqui”, narrada por Walter Salles, foi aplaudida pela plateia do Dolby Theateer e exibida pouco antes da homenagem ao Corpo de Bombeiros de Los Angeles.

Morgan Freeman apresentou o momento “In Memoriam”, começando com a homenagem a Gene Hackman e seguindo com outros nomes da indústria cinematográfica que faleceram no último ano.

Penélope Cruz subiu ao palco para anunciar o Oscar de Melhor Filme Internacional. Sua presença poderia indicar que o prêmio fosse para Emília Pérez, mas, para a alegria dos brasileiros não foi. “And the Oscars goes to I’m Still Here”! O filme de Walter Salles, levou a estatueta, e ele subiu ao palco para agradecer, emocionado, o reconhecimento da Academia:

Obrigada primeiramente em nome de todo o cinema brasileiro. É uma honra receber este prêmio nesse grupo tão extraordinário. Dedico esse prêmio a uma mulher que, após uma perda em um período autoritário, decidiu não se curvar e resistir. Este prêmio é para Eunice Paiva. E também dedico esse prêmio às duas mulheres que deram vida a ela: Fernanda Torres e Fernanda Montenegro.

Walter Salles a caminho do palco para receber o Oscar de Melhor Filme Internacional por “Ainda Estou Aqui” (Reprodução TV)

O Oscar de Trilha Sonora foi para “O Brutalista, e Whoopi Goldberg e Oprah Winfrey subiram ao palco para apresentar a homenagem a Quincy Jones, destacando sua contribuição para a música e o cinema. Elas chamaram Queen Latifah, que cantou “Ease Down The Road”, composta por Quincy para The Wiz.

O Oscar de Melhor Ator foi para Adrien Brody, por seu papel em O Brutalista. Em seu discurso emocionado, ele refletiu sobre a atuação.

Ganhar um prêmio como esse significa que eu tenho um destino, e isso é algo que meu personagem diz no filme. Para mim, além de chegar ao ápice da minha carreira, é uma oportunidade de recomeçar e, talvez, ter a sorte de provar nos próximos 20 anos da minha vida que mereço papéis significativos. Compartilho esse prêmio com meus colegas.

O Oscar da categoria Melhor Atriz ficou com Mikey Madison por “Anora”, a mais jovem concorrente na categoria deste ano, com 25 anos.

A última categoria foi entregue por Meg Ryan e Billy Crystal e o Oscar de Melhor Filme foi também para “Anora”, que foi o grande vencedor da noite com cinco estatuetas, quatro delas para seu diretor, Sean Baker.

Tapete Vermelho

Fernanda Torres, de Chanel, no Oscars 2025 (Foto: Dana Scruggs)

Antes da cerimônia, no tapete vermelho, Selton Mello, em entrevista à TNT/MAX, comentou sobre seu figurino, destacando um broche em formato de flor negra, em homenagem a Rubens Paiva, e um anel retirado da coleção de sua mãe, que faleceu no ano passado. “Estou muito feliz com o resultado dessa história”, disse Selton, que também comentou sobre ter sido escalado por Rubens Paiva e não por Walter Salles.

O diretor, por sua vez, falou sobre como o público fez toda a diferença na trajetória do filme: “São cinco milhões de coautores”.

Fernanda Torres, que também estava no tapete vermelho, comentou que acordou angustiada, mas estava bem no evento. Sobre a divulgação do filme no exterior, ela e o diretor comentaram sobre os seis meses de itinerância. “Eu vejo que tentaram apagar a existência e a história de Rubens Paiva. E através da memória de um adolescente, que era o Walter [Salles], e de uma criança, que era o Marcelo [Rubens Paiva], essa memória jamais será apagada”, disse Fernanda.

Salles, amigo da família, afirmou que o livro de Marcelo lhe deu a visão necessária para contar essa história.

Premiados no Oscar 2025

Ator Coadjuvante: Kieran Culkin por “A Verdadeira Dor”
Figurino: “Wicked” (Paul Tezewell)
Maquiagem e Cabelo: “A Substância”
Trilha Sonora: “O Brutalista”
Curta-Metragem Com Atores: “I”M Not A Robot”
Curta-Metragem Animado: “In The Shadow Of Cypress”
Roteiro Adaptado: “Conclave” (Peter Straughan)
Roteiro Original: “Anora” (Sean Baker)
Atriz Coadjuvante: Zoe Saldaña por “Emilia Pérez”
Canção Original: “El Mal” – “Emilia Pérez”
Documentário: “No Other Land”
Documentário de Curta-Metragem: “The Only Girl In The Orchestra”
Filme Internacional: “Ainda Estou Aqui” – Brasil
Animação: “Flow”
Direção de Arte: “Wicked”
Montagem: “Anora”
Som: “Duna: Parte 2”
Efeitos Visuais: “Duna: Parte 2”
Fotografia: “O Brutalista”
Ator: Adrien Brody por “O Brutalista”
Atriz: Mikey Madison por “Anora”
Direção: Sean Baker por “Anora”
Melhor filme: “Anora”

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