Uberground

Ariane Torga se viu em uma situação complicada, assim como muitas mães nesta pandemia. Ela, que há pouco decidira viver exclusivamente da música, casada com um músico, o guitarrista Marcelo Carvalho, pais de Catarina, que acabara de completar dois anos e fechou tudo. Mesmo com Marcelo também atuando como professor, a incerteza tomou conta do lar desse casal casal que tem uma parceria que vai além dos palcos.

Assim como artistas de outras áreas, foi preciso se inserir no mundo virtual por meio das lives para tentar manter pelo menos um pouco da renda. Em maio, Ariane participou do festival Live in Casa e também foi artista que, por meio de um cadastro prévio, foi aprovada para receber ajuda com a renda do festival que foi dividida entre outros aprovados.

“Essa foi uma iniciativa incrível da Mari Simões. Muita gente falou que queria ajudar, mas na hora de por a mão na massa, às primeiras dificuldades, desiste. E ela não desistiu. Uma live como a de maio, com aquela estrutura, é muito difícil e muito cara para fazer, e o formato em si já cansou um pouco, e mesmo assim, a Mari veio com essa outra ideia para ajudar ainda mais os músicos de Uberlândia”, disse Ariane, em entrevista ao Uberground.

Ela se refere à série de shows do Happy Hour Festival In Casa, com apoio da lei Aldir Blanc, que começou no dia 15 de dezembro e segue até 2 de fevereiros, com shows sempre às terças-feiras, às 19h, pelo YouTube (leia mais aqui).

Ariane, Marcelo e Catarina voltaram hoje de Juiz de Fora, depois de passar um tempo com a família entre Natal e Ano Novo, coisa rara nos últimos anos. “Nem sei quando foi a última vez que isso aconteceu porque geralmente nós sempre trabalhamos muito nessas datas”.

E tudo que eles esperam é voltar a trabalhar normalmente outra vez. “Sinto que, não só os músicos, como a classe artística em geral, está esquecida. Nós procuramos o poder público, pedimos reuniões porque os bares já voltaram a funcionar mas os shows ao vivo seguem cheios de restrições. E essa pandemia serviu para mostrar uma coisa: quem pôde ficar em casa ficou. A gente se sentiu enclausurado e ninguém pode viver assim sem consumir arte. Creio que nos piores momentos a arte foi, e segue importante, para que a gente não enlouqueça. Então, se somos tão necessários não entendo como fomos esquecidos dessa forma, é contraditório”, disse Ariane.

A Dama de Espadas já voltou a fazer alguns shows com público, com as restrições sanitária vigentes, mas a agenda segue mais devagar, e os cachês também diminuíram num esforço de ajuda entre músicos e empresários. Para ela, não se deve aceitar qualquer condição de trabalho pelo fato de estar sem renda, mas é preciso colocar muita coisa na balança. “Aprendemos neste último ano que precisamos uns dos outros e é assim que vamos sair dessa. Portanto, fica o convite para assistirem a live e se divertirem um pouco com a gente e por favor, quem puder, faça doações, não só no dia da live, em qualquer dia até o final da campanha, é muito importante para quem depende da música para viver. 2021 não será um ano fácil mas acredito que estamos fortalecidos, principalmente se amparamos uns aos outros”.

Nesta noite, além de Ariane e Marcelo, a Dama de Espadas terá a participação do baterista Juliano Costa.

Músicas em gestação

O repertório que a Dama de Espadas apresentará hoje será de rock clássico e também pop e rock nacional. Mas essas não são as únicas influências da banda que tem sua espinha dorsal em Ariane Torga e Marcelo Carvalho.

A banda começou a tocar na noite uberlandense há aproximadamente cinco anos, quando a banda de punk rock de Ariane encerrou as atividades. Foi quando Marcelo fez o convite à esposa para começarem um projeto juntos. “A princípio a gente tocava mais hard rock e até heavy metal. Mas a partir do momento em que decidi que não teria outra atividade além da música, fomos nos adaptando ao mercado, variando mais o repertório”, comentou a cantora.

Entre os shows em Uberlândia e região eles começaram a compor. Seis músicas estão praticamente prontas. “Eu engravidei quando estávamos produzindo essas músicas. A Catarina vai fazer três anos em breve e tanto eu quanto o Marcelo, que não temos família por perto para nos ajudar a cuidar dela, precisamos desse tempo com nossa filha. É um tempo que não voltará mais e queremos estar presentes pra ela e por isso demos uma pausa no projeto”, contou.

Para Ariane, 2021 será de adaptações. Ela espera que a agenda volte a ficar cheia e se possível terminar mais duas músicas para lançar um EP do trabalho autoral, sem tirar os olhos da cria! “É um momento importante da formação dela e não podemos perder isso de vista, então, vamos deixar fluir e essa nossa experiência enquanto pais com certeza nos trará mais maturidade para compor”.

Confira o show da Dama de Espadas no Happy Hour Festival In Casa nesta terça-feira (5), a partir das 19h, no YouTube. Assine o canal Festival In Casa e receba notificações dos próximos shows. Para doar, acesse o site.