Festival In Casa inicia a série Happy Hour com Class Trio
Eles e elas alegram nossos dias e noites. Estão presentes em grandes momentos de nossas vidas: aniversário, casamento, formatura, confraternização da firma ou com os amigos. Eles e elas estão conosco naqueles momentos ruins… no fim de um relacionamento, num momento de saudade e até mesmo quando parece que o mundo parou. A questão é que a música é parte da gente e chegam a nós por essa turma que faz da música não só a sua diversão, mas sua própria sobrevivência. E não é só quem tá no palco que depende disso, tem toda uma equipe técnica que trabalha duro pra entregar a melhor experiência.
Extremamente abalada pela pandemia causada pela Covid-19, apesar de alguma flexibilização, os shows ainda estão minguados. A vacina, em território brasileiro, segue politizada e até todos serem imunizados há um caminho a seguir. Não dá pra pensar que a pandemia acabou.
Porém, os boletos não param de chegar. Como é que faz? Uma alternativa é partir para as lives e contar com a contribuição e a boa vontade dos admiradores da arte. Graças à lei de auxílio emergencial Aldir Blanc, músicos de Uberlândia poderão novamente mostrar seus talentos em uma temporada de lives do Festival In Casa. É a série Happy Hour Festival In Casa que começa nesta terça- (15) e terá oito apresentações que seguem semanalmente até 2 de fevereiro pelo YouTube, sempre às terças-feiras, 19h.
Segundo Mari Simões, cantora e idealizadora do projeto iniciado em maio deste ano (leia mais abaixo), será uma atração por edição e todas as recomendações sanitárias da OMS serão seguidas. Ao contrário da edição festival, que contou com diferentes parcerias, dessa vez Mari é responsável pela introdução e bate papo da live assim como produção. “A estrutura é bem enxuta para conseguir contemplar mais pessoas. Lembro que agora não tem mais como se inscrever pelo fato de projeto ser um braço do anterior, contando com ajuda emergencial. Com o recurso da Aldir Blanc fornecemos toda a estrutura que o artista precisa e o cachê. As atrações foram selecionadas entre as aprovadas no Grupo 1, do Festival In Casa, ou seja, que têm na música única fonte de renda”, explica Mari.
Tudo está de acordo com o regulamento da primeira edição do festival. Continua a venda de máscara (R$ 35) e camisetas (R$ 10) e qualquer pessoa que quiser contribuir com qualquer doação a partir de R$ 10 poderá fazê-lo, até 2 de fevereiro, pelo site e link na bio do Instagram do festival ou QRcode na tela. “A conta ficará aberta por dois meses. Ao final do período, o valor arrecadado será dividido de acordo com o regulamento. Empresas também podem contribuir”, diz Mari.
O Happy Hour Festival In Casa chega para arrecadar doações para serem destinadas aos músicos de Uberlândia que tiveram seus cadastros aprovados como beneficiários na edição Festival. Os estilos continuam variados, tem para todos os gostos.
As peculiaridades do Class Trio
Para dar a largada à série Happy Hour Festival In Casa a live desta terça-feira (15), 19h, traz talentos de Uberlândia que já acompanham a noite dessa cidade há umas três décadas. O cantor, compositor e violonista Diego Caaobi, o caçula do Class Trio, junta forças com dois monstros sagrados da cidade: Gringo, com o som poderoso do seu contrabaixo acústico, e Cícerus Cajuzinho, baterista com atuação internacional e sensibilidade ímpar.
Ser mais novo não significa que Caaobi não seja experiente. “Ele tem um repertório extenso. Vai do samba ao jazz, de Ella Fitzgerald a Alcione, de Crysthian & Ralf a John Lennon. Juntando aos estilos musicais meu e do Gringo conseguimos fazer algo muito diferente de todo mundo. Tocamos de forma bem peculiar, vocês verão. São músicas conhecidas tocadas em um formato diferente de tudo que vocês conhecem”, disse Cajuzinho, em entrevista ao Uberground.
O encontro do Trio se deu faz quatro anos. Cajuzinho acompanhou Caaobi em alguns shows e tinha seu trabalho com Gringo, além de outros projetos. E como a noite é um eterno convite às jams, não demorou até o trio entrar num estúdio e começar a tocar, sem ensaio nem nada, há dois anos e meio. Tem ainda a Class Band, que conta com o saxofonista Tim Fernandes ou o trompetista Danilo Neto.
Na live desta terça será o trio que traz uma proposta que mistura música pop e MPB com um arranjo de jazz e a experiência de cada um dos músicos. Se você vai curtir em casa, no escritório ou no carro não importa, só não vá perder. “O estilo musical é bem interessante. Tocar com o trio é um prazer. Como temos muita afinidade musical, tudo que a gente pensa sai naturalmente, não teve ensaio. A gente simplesmente sentou, tocou e deu certo. Ou seja, cada vez que a gente toca é um ensaio ao vivo, sem métrica. Experimentamos elementos peculiares de cada um de nós e as releituras são incríveis”, explica Cajuzinho.
Sem quere dar spoiler, pode ser que você ouça algum sucesso da Rihanna em formato jazz ou quem sabe um Maroon 5 em salsa. O trio muda muito “a cara” das músicas. “Tenho certeza que o pessoal vai gostar. Aproveito para agradecer a Mari pela iniciativa e também a Secretaria de Cultura de Uberlândia, intermediária local para a Lei Aldir Blanc que tanto vai ajudar o setor culural da nossa cidade”.
COMO TUDO COMEÇOU
A live Festival in Casa, em 24 de maio, durou 6 horas e 28 minutos, com apresentação dessa jornalista que lhes escreve. Com realização da Viva Marketing, até hoje soma mais de 14 mil visualizações no YouTube. As doações, entregues no início de junho, foram divididas entre 97 selecionados aprovados em cadastro prévio.
O total de arrecadações chegou próximo de R$ 20 mil, com o recebido durante a live e a venda das máscaras e camisetas exclusivas com ilustração de Mauricio Ricardo. Teve ainda cestas básicas fornecidas pelo grupo Juntos por Uberlândia, máscaras doadas pela lojista Vânia Marinho Jóias e Semijóias, frascos de álcool gel doados pela Start, produtos de hortifruti doados pelo Rei das Frutas e caixas de leite doadas pelo Grupo Butelão, além de brindes da La Belle Cabeleireiros em algumas cestas.
Os grupos de beneficiados foram divididos entre músicos que perderam toda a renda durante a pandemia, e outros que desempenham outras atividades e perderam entre 75% e 50% da receita. Os contemplados tiveram uma conta digital aberta no Social Bank que ofereceu gratuitamente os cartões.
Show é show, live é live
Apesar desse formato streaming estar disponível há cerca de 10 anos no YouTube, a popularização veio com a pandemia. A live Festival In Casa, em maio, contou com mais de 20 artistas se revezando em três diferentes espaços precisava de um lugar que permitisse tal logística, sem colocar em risco artistas e equipe de produção e esse lugar foi a Gravaton. As reuniões foram remotas em quase todo o processo e só um ensaio geral foi realizado.
O diretor de cena Heberton Alves, o Ton, foi de fundamental importância na hora de formatar cada etapa da transmissão. “Realizamos lives desde 2018 com o formato streaming em alta definição nos canais dos artistas, mas por muito mais de 10 anos já se falava nesse formato de produção. Segundo registros, a primeira live streaming aconteceu em 1993 com a banda de garagem Severe Tire Damage. Um ano depois, eles abriram o primeiro show de uma grande banda transmitido pela internet, os Rolling Stones”, conta Ton.
Ele afirma que a popularização desse formato ocorre de acordo com o desenvolvimento da internet e serviços de banda larga. “Foi apenas em 2011, seis anos após o lançamento do YouTube, que essa ferramenta se firmou e tomou proporções maiores”.
O grupo uberlandense de pagode Só Pra Contrariar (SPC), foi o primeiro a abraçar essa ideia em 2018 na Gravaton. “A premissa era levar qualidade em imagem e som para as pessoas no YouTube ao vivo e com interatividade”, lembra Ton.
Antes de empreender, com projetos considerados por ele mesmo ousados, Ton foi diretor em uma afiliada Globo por nove anos e em 2009 já discutia o futuro da internet. A Gravaton, já com quase três anos vai nessa linha. “O crescimento não vai parar; esse formato se mostrou eficiente e lucrativo por ser econômico e fácil de disseminar produtos e serviços em todos os setores da economia”.
Para o músico Fernando Pires, em 2018, surgiu a “ideia mirabolante” de fazer um ensaio aberto, transmitido ao vivo, com a interação do público e Ton abraçou a ideia. “Foi muito bacana! Não imaginávamos que no futuro, esse formato de transmissão se tornaria um divisor de águas para nós artistas e todos aqueles que trabalham na área do entretenimento”, comentou.
VAI NO FLUXO
Na contramão de alguns setores, a produção de lives tem um fluxo intenso, mesmo que menor do que era há alguns meses. Com artistas de repercussão nacional, como SPC, Pabllo Vittar, Alexandre Pires, Léo Chaves e Festival TonRock; e representantes da cena uberlandense como Renato Quase Russo, Venosa e Veneno Vivo, e o próprio festival In Casa, Ton trabalha com o mesmo padrão de qualidade. Afinal, uma live streming requer mais do que um smartphone com boa conexão de internet.
“Não abro mão de planejamento. É fundamental roteirizar uma live, ter o controle de um ao vivo é uma montanha russa. Me preparo para minimizar todas as possibilidades de erros. Alguns tópicos não podem passar em branco; aqui tenho um sistema de transmissão próximo ao de um sinal de TV e, sabendo da instabilidade de softwares, seguimos para caminho dos hardwares”, explicou o diretor de cena que completa que definição do tempo e conteúdo agregam no resultado final.
O uso de equipamentos adequados é fundamental, o fato de não avaliar a qualidade de um cabo pode comprometer todo o projeto. “E em uma live não existe segunda chance, se um microfone falhar, os comentários no chat são inevitáveis”.
Os artistas que querem investir precisam estar atentos a tudo isso. “É impossível fazer uma live sem uma rede com alta taxa de upload, pois para um bom streaming o que importa são os dados enviados e não recebidos, o famoso comentário ‘a live travou’ está relacionado à rede usada. Ter redundância ou soma da banda é uma forma segura de não correr risco com uma fonte provedora”, exemplifica Ton.
Mesmo para projetos mais simples, uma live em um escritório, por exemplo, requer uma boa captação de áudio, que é tão importante quanto imagem. E é preciso ter outra coisa em mente. “Uma live é a imagem do artista ou empresa ao vivo. A realidade é colocada à prova e não dá margem para erros, os detalhes fazem a diferença e uma dica que deixo, como diretor, a todo artista é: streming não é um show é uma live”.
Não informar ao público com antecedência pode comprometer o projeto porque a transmissão ao vivo não se baseia só em ligar a câmera e falar, é o público que vai assistir e absorver o conteúdo e determinar seu alcance. “As estratégias do marketing precisam andar lado a lado nas transmissões. Ações promocionais nas redes sociais, e-mail marketing, entre outras medidas, vão impulsionar o conteúdo, além da possibilidade de conquistar novos nichos”, disse Ton, que acredita que a pandemia vai passar, mas as lives continurão na nossa rotina.
Gratidão pelo apoio e parceria! Excelente panorama do que é o Festival In Casa e desta nova realidade que estamos vivendo. Parabéns e sucesso pra todos nós…
Mari, iniciativas como essa devem sempre ser compartilhadas. Parabéns pelo empenho!