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Série ‘Bola Pra Frente’, filmada em Uberlândia, estreia na TV Brasil e Uberground traz entrevista exclusiva com o diretor Carlos Segundo

Enquanto o curta “Sideral” recebia o Leopardinho de Ouro na categoria de Melhor Curta de Autor (Corti D´Autore) no programa “Pardi di Domani”, do Festival de Locarno, na Suíça, seu diretor, Carlos Segundo, estava em Uberlândia. Mas o que poderia ser mais importante do que receber uma das maiores honrarias de sua carreira? Trabalho! E, quase dois anos depois, o motivo da ausência na premiação poderá ser apreciado por todo o país na tela da TV Brasil e em sua plataforma de streaming.

Nesta sexta-feira (27), “Bola Pra Frente”, série que teve a maior parte de sua produção e gravação em Uberlândia, estreia na grade do canal com episódios semanais. Para Carlos Segundo, a experiência foi desafiadora: “É a primeira vez que trabalho em um projeto cuja ideia original não é minha, o roteiro não é meu. Então você tem que, ao mesmo tempo, impor o seu lugar, seu pensamento como cineasta, como realizador, como diretor, e entender que existe esse diálogo com o pensamento dos criadores”, comentou o diretor em entrevista exclusiva ao Uberground.

“Bola Pra Frente” é uma coprodução da Abaquar (SP) e da Sopro do Tempo (Uberlândia), criada por Daniel Esteves, Gabriel Gallindo e Rodrigo Febronio, que também atua como produtor. Essa função ele dividiu com Cristiano Barbosa, da produtora uberlandense.

O maior interesse do diretor era manter aspectos estéticos importantes, mesmo com um orçamento limitado para uma série. Segundo explica que é como se eles tivessem feito três longa metragens com o orçamento de um longa com custo muito baixo.

A produção foi viabilizada por meio de um edital (Prodav TVs Públicas), da TV Brasil, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), em parceria com o Fundo Setorial do Audiovisual (FSA). “Eles fizeram pesquisas e pensaram na programação a partir das demandas das regiões, com produtores locais e a série foi aprovada por Minas, então, não tinha sentido gravar em São Paulo, mesmo com a ideia original tenha vindo de lá”, explica Carlos Segundo.

Assim, a ideia dos três amigos de São Paulo se materializou no interior das Gerais O elenco é composto por talentos do Triângulo Mineiro e de Brasília, com destaque para Chico Sant’anna, José Maria Madureira, Marcello Ribas, Thiago Venusto, Bia Pantaleão, Lara Pires e Joice de Paula. Cerca de 80% da equipe é de Uberlândia e região.

“Agora, é como se fosse um filho com vários pais e mães saindo para ganhar o mundo. É um processo mais coletivo do que um filme dirigido e criado por mim, e traz um sentimento interessante de uma experiência em conjunto. Pudemos dialogar e construir coletivamente, ao mesmo tempo mantendo algumas características próprias”, acrescenta Carlos Segundo.

Questionado sobre uma produção que será exibida tanto na TV aberta quanto em streaming, Carlos Segundo afirma que por experiências recentes, percebe que as plataformas de streamings buscam mais segurança no produto final, por isso dão preferência para autores já consagrados, o que estão fazendo é tentar “furar a bolha”.

Rodrigo Febronio, em entrevista ao Uberground, convida os telespectadores para prestigiarem a série, feita com amor e cuidado nos detalhes, uma produção de baixo orçamento, mas com muito valor de produção. “Tivemos uma equipe inacreditavelmente talentosa em todas as áreas, de ponta a ponta. Estreamos nesta sexta e também vamos lançar hoje o primeiro single da série: ‘Amor de Sabonete’, que é uma música que aparece em vários momentos”.

Sinopse

“Bola Pra Frente” mergulha nos dramas pessoais e nas paixões intensas ligadas ao fictício Clube Atlético do Triângulo (CAT), o alviverde mais querido do Triângulo Mineiro. Após 45 anos fora dos holofotes, o modesto CAT retorna à final do Campeonato Mineiro, reacendendo rivalidades e desafios. Com 10 episódios independentes, de 30 minutos cada, a série usa o futebol como pano de fundo para explorar memórias, fracassos, amores e redescobertas de torcedores e ídolos do presente e do passado.

A série apresenta um mosaico de emoções que vai além dos campos de futebol, revelando personagens únicos em situações surpreendentes, cômicas e emocionantes. Cada episódio de “Bola Pra Frente” tem um tom e abordagem únicos. O humor está presente em histórias como “Gol de Peixinho”, que revela um segredo explosivo entre dois craques do passado, e “Julieta Chuta o Balde”, que acompanha uma jovem jornalista buscando seu espaço em um programa esportivo. Há também episódios que apresentam um romance intenso entre duas estrelas e a história do CAT prestes a se transformar em uma SAF (Sociedade Anônima de Futebol).

A trilha sonora inclui versões inovadoras e brasileiras da música “Por una cabeza”, de Carlos Gardel, e trilhas originais compostas por Iran Ribas especialmente para a série. O hino do fictício CAT, o alviverde mais amado do Cerrado, é interpretado por Cristiano Botafogo, do podcast “Medo e Delírio em Brasília”, que também participa como locutor de uma partida de futebol.

“As músicas dão o tom de paixão e tragédia que permeiam o nosso amado futebol. Espero vocês também no perfil da série no Instagram, tem sempre novidades por lá”, disse Febronio.

Trailer de “Bola Pra Frente”, série com 10 episódios que estreia na TV Brasil (Divulgação)

Uma série com identidade própria: “Mais Libertadores e Menos Premiere League”

“Bola Pra Frente” é considerada por seus realizadores uma comédia dramática com elementos de ação e mistério, ao estilo da premiada série norte-americana “Ted Lasso”, mas que vai além, abordando o futebol e temas variados.

Para Rodrigo Febronio, sobre similaridades com “Ted Lasso”, fica mais no futebol como pano de fundo e uma espécie plataforma para falar de relações humanas. Ele adianta que os personagens de “Bola Pra Frente” têm mais ginga, mais amor pelo futebol. “Aqui é tudo mais raiz, mais Libertadores e menos Premiere League. O técnico Ted Lasso é um querido, mas perde na resenha para o passional treinador Valdir Trabalho”.

O diretor Carlos segundo espera que o público se surpreenda com a produção regional, que conta com uma equipe e elenco, em sua maioria, do interior. Para ele, a série é interessante por vários motivos e ele está muito satisfeito com o resultado do trabalho idealizado por Febronio, Esteves e Gallindo.

“Foi muito bom trabalhar com eles e vocês vão ver que abraçamos elementos fantásticos, e a série acaba passeando por diversos universos em torno desse time e desse lugar. O futebol é algo sagrado para a cultura brasileira, então estamos falando desse território de uma forma diversificada”, conclui Carlos Segundo.

A admiração é recíproca. Febronio afirma que Carlos Segundos se tornou um amigo querido quando decidiram compartilhar o mesmo espaço de trabalho, cada um com a sua produtora, por volta de 2016.

“Fiquei instantaneamente fascinado pela sua visão de cinema e sua veia de realizador, do tipo que tem uma boa ideia e dá um jeito de fazer acontecer de forma inteligente e original. ‘Bola Pra Frente’ nasceu nesse mesmo espaço de trabalho, junto com meus amigos Daniel Esteves e Gabriel Gallindo”.

Eles desenvolveram a ideia e o roteiro, sempre sabendo que teriam um ótimo diretor geral. O roteirista comenta que a série mudou bastante desde a ideia original, mas sempre tendo em vista a ideia de uma antologia, um conjunto de histórias independentes e conectadas tematicamente.

Febronio destaca a atuação de toda a equipe de roteiro, coordenada pelo Rodrigo de Vasconcellos e as contribuições de Ludmila Naves que, assim como ele, escreveu e dirigiu episódios da série.

“A ajuda do Cristiano Barbosa [O Sopro do Vento] também foi fundamental nas parcerias e cessão de espaços para gravarmos em Uberlândia”, comentou o roteirista que depois de dois meses morando e trabalhando incessantemente na cidade, passou a ver aqui um lugar muito especial.

Ele se lembra do povo, da comida, do calor e de como o tempo parece passar mais devagar. Febronio lembra de tudo e de todos com muito carinho e fez questão de vir para a sessão especial no Cineteatro Nininha Rocha com sua equipe de roteiro de São Paulo e Rio de Janeiro.

“Foi lindo reunir toda a equipe técnica, criadores, produtores, diretores, roteiristas e nosso elenco maravilhoso, que era quase todo do Triângulo. Bão demais!”

Conquistas em Hollywood

Carlos Segundo no estádio do Parque do Sabiá, uma das locações de “Bola Pra Frente” (Adreana Oliveira/Uberground)

Em junho deste ano, Carlos Segundo passou a fazer parte de um seleto grupo de profissionais: tornou-se membro da Academia de Cinema e Artes Cinematográficas de Hollywood, ao lado de outros sete brasileiros. Ele votou na categoria de curta de ficção do 51º Student Academy Awards e se sente honrado em representar o Brasil em um universo tão restrito.

“É um reconhecimento simbólico. Ainda não fiz meu primeiro longa, mas tenho uma longa trajetória experimental. Consegui fazer parte da Academia pelos curtas que realizei. Isso mostra que existe uma potência fora do circuito mais comercial, o que reforça a qualidade e o impacto do que faço”, disse Carlos.

Para ele, o convite tem um simbolismo especial para quem não conhece o cinema independente. “Quando falam em Oscar, todos sabem do que se trata. Ser parte disso é incrível, e espero poder aproveitar essa oportunidade nos próximos projetos.”

E que esses projetos continuem a se conectar por aqui, porque a cidade ganha muito em termos de cultura e turismo com a divulgação proporcionada por produções audiovisuais de qualidade.

SERVIÇO

O QUE: Série “Bola Pra Frente”
QUANDO: Estreia sexta-feira, 27 de outubro
HORÁRIO: 23h (horário de Brasília)
ONDE: TV Brasil (Canal 3 ou 503) – Após a exibição na TV, os episódios estarão disponíveis no streaming do canal
SAIBA MAIS: @bolaprafrenteaserie

Editada às 13h para inserção de entrevista.

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