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Cássio Machado fala das amarguras e das alegrias do ser artístico em “É O Fim – Peça Manifesto”

Em 2020, a pandemia da Covid-19 trouxe uma infinidade de incertezas para a humanidade. A classe artística, que vive da e para a aglomeração, buscava alternativas em meio ao cenário sombrio. O ator e dramaturgo Cássio Machado é um desses artistas. Foi nesse contexto que ele começou a conceber “É O Fim – Peça Manifesto”, em cartaz nos dias 15, 16 e 17 de agosto no Cineteatro Nininha Rocha, com interpretação simultânea em Libras no dia 17.

“A peça é fruto dos sentimentos de incerteza, medo, solidão e impotência que acompanharam tantas pessoas durante aquele período. Queria, de algum modo, materializar a falibilidade humana e transpor para a cena minha impossibilidade de representação”, disse o artista em entrevista ao Uberground.

A temporada em Uberlândia começou na semana passada no espaço da Trupe de Truões, e o público ainda tem três sessões para apreciar o espetáculo. Inicialmente idealizada como uma cena curta para exibição online, a peça ganhou nova dimensão com a direção de Bárbara Lamounier e outros convidados que se uniram ao projeto com Cássio.

“Eles acreditam no meu trabalho, e, da minha parte, me senti desafiado por cada nova percepção agregada, pois foi fundamental para me desestabilizar. Com a chegada dessa equipe, pude explorar lugares ainda não vivenciados por mim na cena”, afirmou Cássio, artista cênico formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) em 2008.

Em seu primeiro trabalho solo em mais de 20 anos de carreira, Cássio Machado retrata um artista desacreditado, confinado em uma atmosfera derrotista e certo de sua impossibilidade de representação. Atravessado por diversas vozes, ele concebe um discurso fragmentado que reproduz imperativos de poder e ganância, ao mesmo tempo em que escancara o humano e sua fidelidade ao fracasso.

Segundo Cássio, o espetáculo traz uma tensão entre a ficção das personagens e a realidade do artista que se coloca na cena. Inserido no contexto de uma sociedade neoliberal, o artista independente é, por si só, um fracassado: não contribui para o mercado de trabalho de uma sociedade que não o valoriza e, por vezes, sequer reconhece sua arte como trabalho, exceto quando ascende ao mainstream.

Viabilizado pelo Programa Municipal de Incentivo à Cultura (PMIC) da Secretaria de Cultura e Turismo de Uberlândia, com apoio da Trupe de Truões e da Associação de Teatro de Uberlândia (ATU), “É O Fim” já circulou por Uberaba, Tupaciguara e Catalão.

Manifesto

Cássio Machado é ator, diretor, arte-educador, preparador de elenco e dramaturgista. Estreou profissionalmente em 2003 e, desde então, participou da criação de mais de 35 espetáculos com diversos grupos mineiros, incluindo peças infantis, adultas, de rua e de dança. Em 20 anos de carreira, manteve uma produção ininterrupta de ações no campo artístico e pedagógico. Atualmente, integra a equipe da Trupe de Truões.

Questionado sobre o que o faz perseverar como artista, mesmo diante dos piores cenários, Cássio reflete. Ele afirma que esse é o tipo de questionamento que, vez ou outra, surge em sua mente, mesmo após duas décadas dedicadas exclusivamente a esse ofício. Para ele, a arte é uma arma poderosa capaz de produzir pensamento e motivar ações contra sistemas impostos. Por isso, ele resiste: porque deseja tornar o mundo um lugar melhor com sua arte.

“Dediquei toda a minha vida à arte, à cena. Penso: ‘Eu nasci pra isso. Não sei fazer outra coisa’. Vim ao mundo para ser artista, para fazer poesia e, através dela, transformar pessoas e relações… e eu realmente acredito no poder transformador da arte”, conclui o ator.

Foto da Capa: Lupac

SERVIÇO

O QUE: Espetáculo teatral “É O Fim – Peça Manifesto”
QUEM: Cássio Machado
QUANDO: 15, 16 e 17 de agosto
HORÁRIO: 20h
LOCAL: Cineteatro Nininha Rocha (Centro Municipal de Cultura)
INGRESSOS: R$ 15 (meia-entrada) e R$ 39 (inteira) disponíveis no Sympla (com taxa de conveniência)
CLASSIFICAÇÃO: 12 anos
MAIS INFORMAÇÕES: @cassiommachado

Cássio Machado em cena de “É O Fim – Peça Manifesto (Foto: Lupac)

QUEM FAZ O ESPETÁCULO ACONTECER

Concepção e atuação: Cássio Machado | Direção: Bárbara Lamounier | Dramaturgia sampler*: Bárbara Lamounier e Cássio Machado | Mediação coreográfica: Paula Poltronieri | Direção de arte: Ronan Vaz | luminação: Adriel Parreira | Paisagem sonora: Lara Pires | Coordenação de produção: Rose Martins |
Comunicação e design: Folksonomias (Carlos Gabriel Ferreira e Gabriel Rodrigues)
*Inspirada em textos de Samuel Beckett.

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