The Killers faz show impecável no Metrópoles Festival em sua estreia nos palcos de Brasília
A primeira vez que assisti The Killers ao vivo foi em 2004. Longe de uma grande arena que a banda costuma lotar atualmente, foi um pocket show em uma loja de discos, isso mesmo, loja de discos, em Londres, Inglaterra. A banda fazia a divulgação de seu primeiro álbum, “Hot Fuss”, lançado dia 7 de junho daquele ano no Reino Unido e uma semana depois nos Estados Unidos. “Mr. Brightside”, o primeiro single, era sucesso nas rádios britânicas.
Comprei minha cópia do álbum e do single e entrei na fila para os autógrafos. A banda estava em sua formação clássica – Brandon Flowers (vocal/sintetizador), Dave Keuning (guitarra/vocal), Mark Stoermer (baixo) e Ronnie Vannucci (bateria). Quando comentei que era do Brasil, Brandon e Ronnie brincaram: “Leva a gente pra tocar no Brasil”. E Brandon assinou Brandon “Flores” no meu encarte.
De volta ao Brasil procurei a Universal daqui e perguntei sobre o lançamento do álbum por aqui. A assessoria respondeu que não tinha certeza se lançariam o álbum aqui. Não tinham certeza se a banda “viraria” na América do Sul.
Nada como o tempo. “Hot Fuss” foi uma das melhores estreias de bandas daquela década e projetou The Killers para o mundo, nem a América do Sul saiu ilesa ao impacto do quarteto de Las Vegas. Com hit atrás de hit – “Mr. Brightside”, “Somebody Told Me”, “All These Things That I´ve Gone” e a lista segue, o som com pegada retrô trazia um frescor para o rock, ou, indie rock. E álbum após álbum o grupo seguiu numa crescente, aprimorando a sonoridade que o catapultou para o sucesso.
Em 2007 o Killers fez sua primeira turnê no Brasil, com três shows dentro do saudoso Tim Festival. Voltou em 2013, 2018 e 2022. E fato: a cada turnê, um show melhor do que o outro.
RESENHA
O Uberground acompanhou o show mais recente da banda no Brasil, no estádio Mané Garrincha, em 24 de novembro de 2022, na primeira edição do Metrópoles Music. Em um dia que começo fechado com muita chuva, quando o Killers subiu ao palco até São Pedro deu uma trégua. Antes haviam se apresentado Jovem Dionísio, Raimundos e Capital Inicial.
Com Mark e Dave fora da banda desde 2017, da formação original Brandon e Ronnie contam com músicos gabaritados para acompanhá-los, como o guitarrista Ted Sablay, que também é o diretor Musical da turnê “Imploding the Mirage”, mais dois músicos de apoio e duas backing vocals.
Brandon tem como principal característica a versatilidade no palco. É um showman como poucos de sua geração. Vestido impecavelmente como um mestre de cerimônias conduz a audiência a uma viagem que passa por grandes sucessos do grupo. Abriram o show com “My Own Soul´s Warning”, do álbum que dá nome à turnê, lançado em 2020. No setlist músicas dos seis álbuns da banda que soma 22 anos de carreira.
O público recebeu com aplausos e gritos a banda mas só saiu do chão pra valer a partir de “Smile Like You Mean It”.
Mais ou menos no meio do show, uma surpresa. Acompanhado por Sablay, Brandon puxou um trecho de “Sozinho”, composição de Peninha, famosa na voz de Caetano Veloso. E o norte-americano não fez feio cantando em português e foi ovacionado pela plateia. Confira abaixo.
O palco era bem simples, contando com recursos de iluminação que tornavam o show bem atrativo principalmente para quem acompanhava da arquibancada. Ronnie continua um baterista vibrante, incansável e extremamente simpático.
Outro álbum de destaque da banda é “Sam´s Town” e é dele a música “Read My Mind”, outro momento memorável do show de Brasília.
Mas o primeiro momento apoteótico estava por vir. O bom de não se acompanhar tudo pela internet é que o público se permite algumas surpresas como a chuva de papel picado no auge de “All These Things That I´ve Done“, última música antes do bis.
O retorno para o bis tinha que ser arrebatador, e o hit veio do “Day & Age”, “Spaceman”. Já caminhando pro final do show vem aquele gostinho de saudade e como geralmente o melhor fica para o final, o primeiro grande hit planetário do The Killers, “Mr. Brightside” em uma versão de pouco de sete minutos. Brandon agradece ao público, diz que ama a cidade e se retira graciosamente deixando o protagonismo final para a banda, em especial Ronnie.
E assim a banda se despediu de Brasília sem deixar nada a desejar, a não ser um retorno breve aos nossos palcos.
Muito bacana sua resenha!
Muito obrigada, Júnior!!!