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Ana Carolina (Priscila Prade)

Ana Carolina e Cássia Eller: unidas na música

A cantora mineira Ana Carolina tem na cantora Cassia Eller uma grande inspiração, não como cantora ou compositora, mas também como mulher, como ser humano. Em dezembro de 2001 Cássia nos deixava. Parecia cedo demais. Mas como toda grande estrela, sua luz, em forma de música, segue iluminando a cena e dessa vez suas canções estarão na voz daquela fã, depois amiga.

A turnê “Ana Canta Cássia – Estranho Seria Se Eu Não Me Apaixonasse Por Você”, chega a Uberlândia no domingo, com show no Castelli Master. Com produção da Opus Entretenimento, essa turnê é uma reverência à obra de Cássia Eller.

Segundo material de divulgação da cantora mineira, mais do que cantar o repertório de Cássia, Ana faz uma viagem pessoal no tempo. A turnê é uma conexão direta com a jovem garota mineira, que aos 16 anos ouviu Cássia pela primeira vez, apaixonou-se e nunca mais deixou de ser fã de camiseta, como se define.

“São sentimentos muito contraditórios quando penso neste show. Primeiro, jamais imaginei que seria possível um dia poder cantar o repertório da Cássia. Obviamente era um sonho íntimo, desde antes do início da minha carreira. Quis o destino que agora, em pleno 2022, quando Cássia faria 60 anos, que esse projeto surgisse e fosse sugerido justamente para mim”, diz Ana Carolina.

No show a cantora divide o palco com a banda formada por Juliano Valle (teclados, programações, voz), Theo Silva (guitarras e violões), Lancaster Pinto (baixo e voz), Thiago Faria (violoncelo e voz), Cesinha (bateria, cajon, Kokoriko e voz), Leonardo Reis (percussão, cajon, Kokoriko e voz).

SERVIÇO

O QUE: Show Ana Canta Cássia – Estranho Seria Se Eu Não Me Apaixonasse Por Você”
QUEM: Ana Carolina
ONDE: Castelli Master (Uberlândia-MG)
QUANDO: domingo, 04-12
INGRESSOS: a partir de R$ 150 (+ taxa de conveniência) disponíveis aqui
SETORES: OPEN BAR AMARELO – PRIMEIRO LOTE: R$ 250
OPEN BAR VERDE – PRIMEIRO LOTE R$ 200
OPEN BAR SETOR AZUL – PRIMEIRO LOTE R$ 150

POR PERTO

Ana Carolina no início dos anos 2000 no London Pub, em Uberlândia (Acervo London Pub)

No camarim do London Pub tem uma foto de Ana Carolina naquele palco, por volta do ano 2001 ou 2002. Naquela época, pouco depois de se apresentar no Rock in Rio 3, Cássia Eller também se apresentou na cidade, na Acrópole. Por pouco poderiam ter se encontrado por aqui. Mas agora esse encontro de almas se dá no palco.

Esta repórter recorda de ter assistido a Cássia no Rock in Rio e depois na Acrópole, um palco muito menor que do megafestival, mas a entrega da artista era a mesma. Cássia se entregava como poucas à sua arte e manter isso vivo para o público é louvável.

Setlist do último show de Cássia Eller em Uberlândia (Acervo Adreana Oliveira)

Na direção do espetáculo, Farjalla, o diretor teatral que saiu de Catalão, Goiás, para estudar teatro em Uberlândia e depois disso, ganhou o Brasil com vários espetáculos e nesse é o responsável pela conexão entre Ana e Cássia.

O show tem um esqueleto teatral ao passear por cinco atos, que serão conduzidos por músicas que remetem a cada um deles: “Cartas”, logo na abertura do show, traz canções que se comunicam em estado de poesia pura; “Palavras” começa a investigar outros universos das duas cantoras, incluindo a paixão mútua pelo samba; “Sabotagem” é um momento da Cássia debochada e cheia de questionamentos sobre o status quo, enquanto “Girassol” traz de volta a delicadeza para a coroar a celebração. O último bloco é, claro, um bis cheio de surpresas.

COMO TUDO COMEÇOU

Em 1990 a jovem Ana Carolina Souza com 16 anos, moradora de Juiz de Fora ouviu “Cássia Eller – Disco 1”, álbum de estreia da cantora carioca, e até hoje um dos prediletos de Ana. O impacto foi imediato, como relata a mineira no release da turnê.

Eu tive a certeza naquele momento que aquela voz potente vinha pra ficar pra sempre e que jamais haveria outra igual. Tudo no universo musical da Cássia me influenciou. Aquela voz feminina com tanta presença e personalidade. Eu dava meus primeiros passos na música e não tenho a menor dúvida que dali tirei muito da minha formação musical e do que achava ser importante ter nas canções e no palco. Não sei se é verdade ou não, mas existe uma história meio folclórica que, anos depois, quando gravei meu primeiro disco, as pessoas ouviam ‘Garganta’ e grande parte delas achava que era a própria Cássia cantando. Acho isso engraçado, claro, mas também fico extremamente honrada

A influência de Cássia no DNA de Ana extrapola o universo artístico. Foi Cássia, a primeira figura pública assumidamente bissexual, que serviu de espelho para que a ainda jovem mineira também se entendesse e futuramente se tornasse referência para tantas pessoas quando o assunto é sexualidade. “Era absolutamente lindo ainda em 1990, uma mulher tão à frente do seu tempo, com uma postura libertária e sem a preocupação do que as pessoas pensavam dela e de sua sexualidade. Isso tudo colocado com imensa naturalidade. Eu via aquela potência e pensava: ‘Ela me representa’. Ali também comecei a me entender, entender minha sexualidade. Comecei a entender que poderia naturalmente namorar também com meninas, sem me preocupar com o que os outros achavam. Foi libertador”.

AMIGAS

Anos mais tarde, em 1997, Cássia Eller ouviu Ana Carolina que, numa ida ao Rio de Janeiro, acabou sendo acolhida por seu ídolo de maneira generosa em sua própria casa. “Aquele gesto simples reverbera em mim até hoje. Eu chegava no Rio para um show e a Cássia cedeu espaço para mim dentro de seu apartamento. Era o começo da minha carreira e tudo era muito difícil. Tão difícil que ela ainda fez questão de contratar meu primeiro roadie, para carregar e afinar o violão para este show. Eu não estava sequer habituada com isso ainda. Foi inesquecível vê-la na plateia torcendo por mim”.

E para quem acompanhar este show e a turnê, essa presença da Cássia também certamente será sentida.

Arte com fotos de Ana Carolina e Cássia Eller (Priscila Prade)

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