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DANILO CAYMMI POR MARCELO FERREIRA

Danilo Caymmi homenageia o pai em espetáculo com sessão única em Uberlândia e que em breve será apresentado em Portugal

Danilo Caymmi durante entrevista na tarde de sábado em Uberlândia (Adreana Oliveira)

Danilo Caymmi está em Uberlândia pela primeira vez. E será especial. Neste domingo de Dia dos Pais, 13 de agosto, ele fará o show “Viva Caymmi – De Filho Para Pai”, no Teatro Municipal da cidade, em apresentação única às 8 da noite. Na tarde de sábado o músico recebeu alguns jornalistas para um bate papo sobre esse espetáculo, sobre o pai, sobre a carreira e o futuro.

Acompanhado pelo produtor e manager Nilson Raman, conversou com os jornalistas entre um café e outro e comentou sobre a ligação com Minas Gerais. Danilo é o caçula dos três filhos de Dorival Caymmi e Stella Maris – Nana e Dori são os mais velhos. 

“Temos muitas referências mineiras, minha mãe é de uma cidade da Zona da Mata chamada, Piqueri, São Pedro do Pequeri  tempo dela. A casa que era deles ficou para a minha irmã, Nana. E minha mãe era uma cantora espetacular e isso reflete nas minhas canções, nas músicas do Dori”, comentou.

Stella Maris preferiu não atuar profissionalmente na música, e essa é uma das histórias que Danilo vai contar no show desta noite, que tem um formato conhecido como storytelling, no qual os intervalos entre algumas músicas são preenchidos por algumas histórias marcantes sobre ela ou como foi feita.

Estar no palco, em pleno Dia dos Pais, levando a rica história da família, é para ele, um momento de compartilhar alegria. “Fico muito contente quando estou no palco. É o meu ambiente. Meu irmão é mais uma pessoa de estúdio, de arranjos… eu gravo tudo rápido. Eu gosto de entreter as pessoas e é o que acontece neste espetáculo”, disse.

Danilo explica que além do papel cultural, de resgatar a obra de Caymmi, o espetáculo tem humor e tem entretenimento. “Eu gostaria muito que as pessoas fossem assistir ao espetáculo porque nesta longa carreira é a primeira vez que venho aqui. E especialmente em ‘Viva Caymmi’, que é muito importante por uma questão de memória, principalmente neste momento que vivemos de achatamento cultural”.

O SHOW

Danilo faz um carinho no pai, Dorival Caymmi (Divulgação)

Num formato cênico-musical, o espetáculo convida o público para um passeio pela vida, pelos bastidores e pela música de Dorival Caymmi, um dos mais importantes cantores e compositores da história da nossa música. Como Caymmi nasceu em 1914 e morreu em 2008, quase um século de histórias da música brasileira são contadas, apresentando um panorama da música e das artes no século 20.

A direção musical é de Flávio Mendes que trabalhou bem de perto com Nilson Raman. O espetáculo tem sua base estruturada no storytelling, palavra em inglês que está relacionada com uma narrativa e significa a capacidade de contar uma história, especialidade de Raman, que também é ator.

O espetáculo teve sua estreia em 2018, dentro da programação do Conservatório Pernambucano de Música, no tradicional Festival de Inverno de Garanhuns, em sua 28ª edição. Desde então está em turnê nacional e em breve segue para Portugal.

SERVIÇO

O QUE: Show “Viva Caymmi”

QUEM: Danilo Caymmi

ONDE: Teatro Municipal de Uberlândia

QUANDO: domingo (14/8)

HORÁRIO: 20h

INGRESSOS: R$ 50 (meia-entrada), R$ 80 (Associado Algar), R$ 100 (inteira) – disponíveis aqui e na bilheteria do teatro 

DURAÇÃO: 90min

CLASSIFICAÇÃO: livre 

O mercado precisa de um resgate de memória da boa música

Perguntei a Danilo se há perspectiva de gravar esse show para um registro audiovisual em formato de série ou DVD. Ele comenta que não chegaram a falar sobre o assunto. Mas, segundo Nilson Raman, mais numa perspectiva de registro histórico do que mercadológico.

“Hoje as pessoas não consomem mais mídias como DVD e o retorno em plataformas digitais nem sempre compensa o investimento. Temos interesse no registro em si, é importante fazer. Não lançar um DVD”, afirmou o produtor.

Para Danilo, é preciso ter uma estratégia específica porque o audiovisual tem o seu valor, mas ainda é algo a ser pensado.

Nilson afirma que é importante registrar esse momento de homenagem de Danilo ao pai. Em breve o espetáculo será apresentado em Portugal e a obra atemporal de Dorival Caymmi é uma fonte inesgotável de canções de qualidade.

Em 2023 completam-se 15 anos da morte de Dorival, e também 85 anos do lançamento de “O Que é Que a Baiana tem?”, imortalizada na voz de Carmem Miranda no filme Banana da Terra (1939), um filme que levou para o mundo um pouco da música brasileira.

“Em 2024 são 110 anos de nascimento do senhor Dorival e a gente não para com essas comemorações porque a gente vai levando a história do senhor Dorival adiante sempre”.

Para Caymmi, que toca flauta desde os anos 70 e já fez parte das bandas de Noel Rosa e  Tom Jobim, essa memória deve ser mantida e apresentada às novas gerações. “Os Jobim fazem isso muito bem e para nós, filhos de Dorival, eu, Dori e Nana, é sempre uma questão de memória. É importante para o Brasil que os jovens tenham esse referencial artístico, essas músicas são vivas”, disse Danilo.

Outra coisa que esses grandes artistas têm em comum e que ficou marcado para ele, foi a simplicidade deles. “Essas pessoas têm uma simplicidade extrema eu via neles, tanto no meu pai, quanto no Tom, quanto no Ary Barroso. São pessoas simples, como o povo, por isso que as músicas fazem sucesso. Foi uma experiência e foi sorte também eu ter essa convivência com essas pessoas. A gente já nasce num ambiente musical e a formação acaba sendo privilegiada”, explicou Danilo.

Ele é pai de Alice Caymmi, uma das referências dentro da chamada Nova MPB. Tenho muito contato com ela, que já tem seis trabalhos gravados e percebo um determinado grupo de compositores que estão trabalhando bem. Outros, se voltaram exclusivamente para o mercado. São músicas feitas por cinco, seis pessoas que ficam impessoais, não deixam resíduos, não tem melodia, é tudo. É tudo muito descartável. Mas mesmo assim, e com todo o achatamento das políticas culturais ou não políticas culturais, temos gente boa no cenário”.

Entre as músicas favoritas do pai, Danilo destaca “O Mar”, “Marina” e “Nem eu”. “Tom falava que entre as pouco mais de 100 canções do meu pai não tem nada que se possa deixar de fora”.

Enquanto pai, Danilo afirma que, como na música, o pai era um ótimo contador de histórias e isso ficou vivo em todos os filhos. “Meu pai sempre foi muito observador e no ‘Viva Caymmi’ [alerta de spoiler]  a gente conta que ele gostaria de ser o compositor de “Ciranda Cirandinha”.

Quando ele ouvia sua música sendo cantada numa banca de jornal, por alguém na rua, ele tinha uma satisfação imensa

Dorival Caymmi

Edson Denizard fará participação especial

Danilo Caymmi aprecia ter convidados das cidades em que se apresenta e aqui  em Uberlândia será Edson Denizard, que gravou um vídeo para o Uberground, falando um pouco dessa expectativa.

O músico Edson Denizard cantará ao lado de Danilo Caymmi em Uberlândia

QUEM FAZ O SHOW ACONTECER

IDEALIZAÇÃO, DIREÇÃO ARTÍSTICA E MESTRE DE CERIMÔNIAS: Nilson Raman | TEXTO:: Nilson Raman e Flávio Mendes | DIREÇÃO MUSICAL, ARRANJOS E VIOLÃO: Flávio Mendes | ROTEIRO:  Danilo Caymmi, Flávio Mendes e Nilson Raman | SOLISTA: Danilo Caymmi | REALIZAÇÃO:  Raman Entretenimentos | PRODUÇÃO LOCAL: Carlos Guimarães Coelho e Maíra Pelizer – Uberlândia na Rota da Cultura | ASSESSORIA DE IMPRENSA LOCAL: Cristiane Guimarães

SAIBA MAIS

Nilson Raman, Danilo Caymmi e Flávio Mendes (Divulgação)

DANILO CAYMMI é considerado o herdeiro direto do talento do pai, Danilo Caymmi está num grande momento de carreira. Começou a estudar flauta aos 15 anos e logo se firmou como músico e depois como compositor, mas por incentivo de Tom Jobim começou a cantar. Hoje se destaca como um dos grandes intérpretes do País. Como músico, trabalhou muito com seu pai, Dorival Caymmi, e com muitos e muitos nomes da música brasileira, até entrar para a banda de Tom Jobim, a Banda Nova, em 1984, que viria a mudar sua vida. Como compositor, tem muitos sucessos, em parceria com o pai, solo ou com outros parceiros. Entre suas canções destacamos “Andança” e “Casaco marrom” que acabam de completar 50 anos de sucesso. Para a televisão compôs para novelas e minisséries como “O que é o amor”, tema de Vera Fischer em “Riacho Doce”. Em 2014, ao lado dos irmãos Nana e Dori, receberam o Grammy Latino pelo CD “Para Caymmi, de Nana, Dori e Danilo”.

NILSON RAMAN é um misto de ator e mestre de cerimônias. Agente, produtor e, especialmente, tour manager. Um homem dos palcos e dos bastidores. Com quase 40 anos de carreira, são muitas as produções de teatro, música e ballet que esteve à frente. Entre outras produções, participou de espetáculos com Paulo Autran, Marilia Pêra, Ana Botafogo e Nathalia Timberg, entre outros. Na música participou de projetos com a cantora Maria Bethânia, foi empresário da cantora Simone por três anos e é o responsável pela carreira internacional do cantor Paulinho da Viola. Foi empresário da atriz Bibi Ferreira por mais de 28 anos, sendo o responsável pela criação e produção dos espetáculos da atriz nesse período,  assim como pelo agenciamento da carreira da grande diva. Tem um projeto de intercâmbio entre Brasil e Portugal, além de projetos dedicados à exportação da música brasileira e o fortalecimento do mercado internacional.

FLÁVIO MENDES estudou na Escola de Música de Brasília, onde iniciou sua carreira como instrumentista. No Rio de Janeiro especializou-se em Arranjo e Harmonia no CIGAM (Centro IanGuest de Aperfeiçoamento Musical). Foi Diretor Musical de Bibi Ferreira desde 2004 até o final da carreira da atriz, sendo o responsável por Arranjos e Regências de espetáculos como “Bibi in Concert 3 – Pop” (2004), “De Pixinguinha a Noel passando por Gardel” (2010), “Bibi Histórias e Canções” (2012), “Bibi canta Piaf – 30 anos” (2013), entre outros. Como Produtor Musical e Arranjador de CD’s assinou trabalhos como “Danilo Caymmi canta Tom Jobim”, de Danilo Caymmi(Universal Music), 2017; “Alice Caymmi”, de Alice Caymmi(Kuarup), 2012; “Natal em Família”, de Bibi Ferreira (Biscoito Fino), 2014.

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