Uma sonhadora incorrigível
Sempre que alguém questiona o papel da arte torna seu acesso mais necessário
Eu sempre tive muitos sonhos. E continuo a sonhar mesmo quando tudo parece perdido. E todos os meus sonhos têm trilhas sonoras, roteiros, elenco, figurino, coreografias e muitas histórias entrelaçadas. E essas são as histórias e as artes que moldaram quem eu sou e principalmente, tudo que eu posso ser.
Em 2020 chego a 20 anos de carreira no jornalismo. E não esperava que fosse “celebrar” em um ano que mudou para sempre as nossas vidas. Em um momento de descrédito das artes e do jornalismo, o uberground surge como um projeto para mestrado profissional em Tecnologias, Comunicação e Educação da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), no qual ingressei em 2019, exatamente 19 anos depois da graduação no Centro Universitário do Triângulo (Unitri). A academia me fez rever muitos fatores que me incomodavam, como a qualidade do material que produzia e seus propósitos. A minha entrada no Grupo de Pesquisa em Narrativa, Cultura e Temporalidade (Narra), da UFU, idealizado pelo meu orientador Nuno Mana, me fez ver, por meio dos meus colegas, a importância do compartilhamento, do falar sobre o que e como fazemos jornalismo nos dias de hoje.
Entre 2000 e 2020 atuei na mídia impressa em Uberlândia, sempre pensando na edição do dia seguinte, nem sempre dedicando tempo a pensar como fazer isso de modo mais efetivo, o que começou a me incomodar. E não fiquei só nisso. Viajei muito pelo mundo para trazer a minha visão para meus leitores. Me aventurei na TV, internet, produção e agora aprendo a me inserir nas redes sociais. Eu quero mover você e te dar motivos para sair de casa (quando a pandemia acabar), para conhecer novos ambientes, novas pessoas, conversar sobre o que te faz querer celebrar.
Desde os tempos de escola, primeiro o Custódio da Costa Pereira e depois o João Rezende, fui ativa nas atividades artísticas tão desvalorizadas por tantas pessoas, às vezes por pura falta de acesso. Depois, no curso de Secretariado da E.E. Américo René Giannetti tive os melhores anos da minha vida.
Conheci pessoas, tive meus cúmplices no rock and roll que adotei bem cedo como estilo de vida. Fiz cover da Madonna, conversei pela primeira vez com um punk, chorei a morte de Kurt Cobain e passei muito tempo nos fundos do colégio escrevendo poesias que nunca foram publicadas.
A arte pode mudar vidas sim e a cultura é fator de desenvolvimento econômico. É nisso que acredito e espero poder te mostrar aqui por meio de uma curadoria que não é sobre o que é bom ou o que é ruim, é sobre o que pode somar alguma coisa para o seu dia.
A casa é sua! Fique à vontade para trazer sugestões para abordar nas reportagens que eu amo fazer!
Por que uberground?
Foram tantos os dias, tantas as conversas sobre que nome dar a este site. Acredito que escolhi um nome forte. Para começar, o über vem do alemão, determinando algo que tem uma excelência. O ground, de chão, vem do underground, aqui no sentido de cena cultural que não costuma ganhar os holofotes. E o que eu quero com isso? Exatamente reforçar que não existe arte boa ou ruim. Existem pessoas preparadas e com repertórios para diferentes experiências.
Quando pedi ao Luciano Araújo para me ajudar com uma logo ele mandou vários modelos. Ao ver esse que está aí à direita me empolguei. O underground dá sustentação para o uber… e o uber de certa forma não existiria sem o underground, porque muitos artistas reconhecidos, às vezes bem depois de sua morte, surgiram no underground.
Essas cenas co-existem. E Uberlândia, nossa terra fértil, tem talentos múltiplos em tantos segmentos. Uns aqui, outros ganhando o mundo.
Da mesma forma que já me emocionei em um show da minha banda de rock favorita, o Pearl Jam, já me arrepiei também assistindo a um ensaio de crianças tocando viola caipira e dançando catira no projeto Ticotinho.
O que nos move é a emoção, o desejo, o sonho, o desafio. Os artistas são abençoados – alguns diriam até amaldiçoados – cada um à sua maneira, para nos dar aquilo que nem sempre a gente sabe que precisa.
Conte comigo para te inspirar a buscar algo que te mova mais do que simplesmente jogar aqui referências que moldaram o meu gosto pessoal. Vai muito além disso.
Lembre-se que antes de qualquer outra pessoa acreditar na verdade da sua arte, você tem que acreditar nela primeiro.